Sustentabilidade I
Ideias
2017-06-11 às 06h00
O Brasil, a maior colónia do nosso império, teve como seu primeiro imperador D. Pedro I (Rei D. Pedro IV de Portugal). Sucedeu-lhe o seu filho D. Pedro II, em 1831, mantendo-se à frente dos destinos do Brasil até novembro de 1889.
Apesar de independente de Portugal, desde 7 de setembro de 1822, o Brasil não deixou de manter laços estreitos com a sua antiga metrópole. Deste modo, quando foram assinalados os 50 anos da independência do Brasil, em 1872, o imperador Pedro II não deixou de realizar uma viagem a Portugal para assinalar esta data histórica.
Aproveitando a longa viagem marítima a Portugal (demorava sempre várias semanas), o Imperador do Brasil visitou muitas localidades portuguesas, não deixando de passar um dia em Braga. Essa viagem, que ocorreu um domingo, 3 de março de 1872, tornou-se num dos dias mais brilhantes que a capital do Minho assistiu.
Nesse ano o comboio ainda não tinha chegado a Braga (chegou três anos após) e as viagens entre o Porto e Braga eram feitas por transportes de tração animal que duravam em média cinco ou seis horas entre estas localidades.
Nesse domingo o imperador do Brasil chegou a Braga às 10.30 horas, acompanhado da imperatriz Josefina da Fonseca Costa, do barão do Bom Retiro, do senador do império e camarista do imperador, conselheiro Nogueira da Gama, do gentil-homem e mordomo do imperador e ainda de Manuel José Rebelo, cônsul do Brasil no Porto.
A entrada em Braga foi efetuada pelo Arco da Porta Nova, seguindo o coche imperial, mais 22 carros que transportavam os vários convidados e ainda as principais figuras de Braga, oriundas da área civil, política e religiosa.
Nesta visita, o imperador D. Pedro II tentou manter sempre alguma discrição. Nesse contexto, pediu que o esquadrão de cavalaria, que estava sediado em Braga e acompanhava o cortejo imperial, se distanciasse o mais possível da comitiva imperial brasileira. Outra prova de discrição ocorreu no momento em que D. Pedro II entrou no hotel, tendo de imediato dispensado a guarda de honra que se encontrava à sua espera.
A visita do imperador do Brasil entusiasmou não só os bracarenses, que não se coibiram de colocar às janelas cobertores de damasco, mas também outros minhotos, principalmente vimaranenses, limianos, vilaverdenses e barcelenses, que se fizeram representar em elevado número.
Depois do almoço, a comitiva imperial seguiu para a Sé Catedral, sendo recebida pelo arcebispo de Braga, que efetuou uma pormenorizada descrição deste imponente monumento religioso. Seguiram depois para as Carvalheiras, local onde D. Pedro II demorou algum tempo, apreciando as indicações antigas que se encontravam gravadas nas lápides que lá existiam. O célebre professor Pereira Caldas foi quem mais serviu de orientador nesses pormenores do património de Braga.
Depois da Sé de Braga, o imperador do Brasil seguiu para o paço Arquiepiscopal, tecendo vários elogios a este espaço religioso, nomeadamente à sala de retratos dos arcebispos de Braga. De seguida, D. Pedro II e a sua comitiva dirigiram-se para Guadalupe, onde disfrutaram e elogiaram a excelente paisagem que de lá se pode vislumbrar. O Liceu de Braga foi o local seguinte visitado pela comitiva imperial brasileira e, posteriormente, a biblioteca particular do professor Pereira Caldas, considerada já na altura uma das mais belas bibliotecas particulares do país.
Depois de terem visitado alguns dos locais mais emblemáticos de Braga, a comitiva brasileira passou pelo então Campo de Santana, bem no centro da cidade, onde se encontrava o magnífico jardim da Lapa e ainda um pavilhão alusivo a esta visita. Nesse jardim encontrava-se o impressionante número de 50 000 velas que à noite foram acesas e que constituíram um espetáculo magnífico!
A comitiva imperial brasileira não assistiu a todos os festejos que ocorreram em sua homenagem, em Braga, até à meia-noite, porque, às 16 horas seguiram para o Porto pois queriam realizar a viagem ainda com a luz do dia!
A importância da visita do imperador D. Pedro II a Braga, por ocasião dos 50 anos da independência do Brasil, revestiu-se de particular simbolismo, uma vez que na segunda metade do século XIX verificou-se uma autêntica debandada de minhotos para o Brasil.
Basta recordar as palavras de Alberto Pimentel (1901) quando afirmou que “Eu vi muita vez, na Foz do Douro, saírem iates e barcas que levavam a seu bordo centenas de rapazes do Minho. (…) Os emigrantes eram tão numerosos que toda a gente tinha pelo menos um brasileiro na família…”. Muitos desses emigrantes bracarenses morreram durante a viagem para o Brasil. Outros, que lá chegavam, impressionavam os brasileiros, admirados por verem os portugueses chegarem em condições semelhantes aos escravos que vinham de África para o Brasil, em séculos anteriores, comercializados pelos próprios portugueses!
No entanto, outros minhotos e bracarenses, conseguiram afirmar-se nesta ex-colónia portuguesa, tornando-se homens de sucesso nas diferentes áreas. Muitos deles, pelas suas qualidades extraordinárias, ainda hoje são reconhecidos e homenageados nos diferentes locais do Brasil. Falta a homenagem nas suas terras de nascimento!
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