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A urgência de novas idades!

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A urgência de novas idades!

Ideias

2020-04-08 às 06h00

Marta Sousa Marta Sousa

A conquista, já conhecida por todos, do aumento da esperança média de vida traz inúmeros desafios, não só individuais, mas também coletivos.
Se recuarmos no tempo, percebemos que o modelo de financiamento da Segurança Social é o mesmo utilizado desde a revolução industrial: a pessoa trabalha até chegar à idade determinada, passando a designar-se idoso. A propósito deste termo, o que muda do dia anterior aos 65 anos para o dia seguinte, para que a pessoa passe a ser considerada idoso? O problema não está na designação, pois as crianças, são crianças segundo a sua idade cronológica. O problema está no significado que atribuímos à palavra idoso e que teimamos em não adaptar à mudança, a meu ver, positiva que estamos a viver.

Tal como vivemos mais tempo, há outras mudanças a acontecer e dados estatísticos demonstram que os jovens estudam mais tempo. Isto significa que, à partida, irão trabalhar menos anos, descontar menos anos. Este prolongamento dos estudos é importante, já que temos de acompanhar a evolução tecnológica e as mudanças que vão acontecendo a um ritmo acelerado. Mas voltando ao foco inicial, ao aumento da esperança média de vida, aqui não adaptamos esta evolução a toda a restante evolução atual! Coloco aqui uma questão que gostaria que refletissem… se os jovens estudam até mais tarde, logo entram no mercado de trabalho mais tarde, então porque é que a entrada na idade da reforma permanece inalterada? Se é discutida a sustentabilidade da Segurança Social devido ao número de contribuições dos ativos ser menor ao número de reformas usufruídas no país, porque ainda não foi alterado também o tempo de contribuição das pessoas no mercado de trabalho? No relatório da Comissão Europeia (2019) esta é uma questão já apontada, afirmando que a opção mais viável e eficaz para fazer face às consequências negativas do envelhecimento da população passa pelo aumento de participação da força do trabalho e não pela demografia.

As demais iniciativas no âmbito de um envelhecimento ativo, na minha opinião, traduzem-se numa inevitável asso- ciação negativa ao processo de envelhecimento. A ideia de que a entrada na idade da reforma é acompanhada pela diminuição da rede relacional, aumento de patologias e dependências e de um papel menos significativo na sociedade, é absolutamente vital ser alterada! Mas, para que tal aconteça, é necessário também que seja repensado o modo como a idade cronológica está definida e as definições de papéis subjacentes a esta fase de vida.
Tal como refere Maria João Valente Rosa, no seu livro intitulado “Um tempo sem idades” (2020), “encontrar tarefas uteis para os mais velhos não é uma missão de “solidariedade” cuja estranheza precise de argumentos de defesa. O que precisa de justificação é a opção de afastar pessoas da sua contribuição para a sociedade em função de um critério arbitrário – a idade cronológica”.

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