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A pandemia, a transição digital e a nova gestão pública

A responsabilidade de todos

A pandemia, a transição digital e a nova gestão pública

Escreve quem sabe

2021-03-07 às 06h00

Manuel Barros Manuel Barros

Este é um tema muito vasto que exige uma reflexão aprofundada, que não vou esgotar nesta crónica, a que penso dedicar mais algum espaço nos próximos tempos, por se tratar de um tema de grande interesse estratégico. Uma pandemia que nos confrontou com uma nova realidade para que a sociedade, a economia e a Administração Pública não estavam preparados. Apesar dos avanços da transição digital e do trabalho remoto, já ter alguma expressão no mercado nas mais diversas dimensões da sociedade. Ainda tem algumas resistências, e a sua prática não tem uma expressão à altura das necessidades.
Tratando-se de um processo que vai precisar de investimento humano, tecnológico e financeiro, para potenciar a sua eficiência, eficácia e qualidade, com especial enfoque, no novo paradigma de gestão pública. Com a pandemia, o home-office revelou-se a solução ideal para evitar contactos entre pessoas, enquanto as organizações se puderam manter em funcionamento. No entanto, os confinamentos, que se sucederam provocaram constrangimentos nas operações, obrigando as organizações públicas e privadas a procurar formas alternativas, para manter a sua atividade.

Efetivamente, em poucos dias ou semanas, as organizações foram capazes de se adaptarem a vários níveis, desde a forma como gerem o seu negócio, até à forma como gerem os seus recursos humanos e as suas instalações. Os modelos organizacionais foram reinventados, na Administração pública nas organizações do setor social, e nas estratégias de negócio do setor empresarial. Uma constatação que apesar de evidente, tem vindo a aprofundar uma grande controvérsia em torno do processo de desconfinamento, da gestão do programa de Recuperação e Resiliência e, ultimamente, sobre a forma de gestão e distribuição dos recursos financeiros da “Bazuca”, atribuída a Portugal.
Um novo “Plano Marshall”, cabendo a Portugal mais de 45 mil milhões de euros. Uma medida implementada pela União Europeia, para fazer face à mais profunda crise, desde a II Guerra Mundial. Uma crise que está, que está a impor os seus condicionalismos, e está a servir de catalisador doe um novo modelo de desenvolvimento, sustentado na digitalização dos serviços públicos e de toda a sociedade, onde ainda há muito fazer, ao nível da qualificação das pessoas, da organização social e da infraestruturação tecnológica.

Uma transformação digital que já está em curso, e que deverá ser vista, definitivamente, como um processo de humanização da tecnologia e como uma oportunidade, fundamental, para reinventar o funcionamento e a organização do Estado. Os processos de produção e prestação de serviços estão a ser, profundamente, redesenhados, através da aposta em novas tecnologias e com base no teletrabalho. Levando o Diretor-geral da Cisco Portugal, Miguel Almeida, a referir a este propósito que, a pandemia de COVID 19 foi "o rastilho da transição digital, e que há mudanças que vieram para ficar, como por exemplo o teletrabalho”, acelerando, no seu ponto de vista, o processo de digitalização do país. Este aumento do teletrabalho induziu grandes mudanças nas rotinas das pessoas que, de repente, se viram durante meses em casa, com as vantagens e as desvantagens, que essa mudança implica.

Tal como afirmou Miguel Almeida “houve uma conjugação de fatores”, que permitiram acelerar a transição digital. Depois desta pandemia, “acho que já nada vai ser igual, seja a Administração Pública, seja no ambiente escolar, seja nas empresas, seja onde for”. Apontando mesmo para uma “liberalização daquilo que é o local de trabalho”. Além do impacto do digital que estamos todos a ver, que tem sido uma coisa incrível, tudo o que é soluções de ‘cloud’, a que a gestão pública não poderá ficar imune.
Reforçando a competitividade económica e desenvolvendo um clima favorável à inovação e ao conhecimento, gerada denominada “tecnologia do intelecto”, capaz de dar resposta a problemas cada vez mais complexos, que decorrem desta transformação tecnológica, social, cultural e política sem paralelo. Um passo determinante, que está a ser protagonizado pelo André Aragão Azevedo, com base na implementação do Plano de Acão para a Transição Digital, uma dinâmica focada em 12 medidas, que visam projetar o país no mundo, através da capacitação digital das pessoas, da transformação digital das empresas e da digitalização do Estado.

Um contexto e uma racionalidade, que vão determinar o novo modelo de gestão pública, utilizando o potencial das tecnologias da informação e comunicação, como o motor da metamorfose do edifício burocrático, mais amigável para a economia e para os cidadãos. Um novo paradigma que procura reabilitar a Administração Pública e os funcionários públicos, colocando-os no centro da relação do poder político-administrativo, para restaurar a confiança nas instituições e nos seus actores e, consequentemente, numa melhor democracia, se o cidadão for assumido como o verdadeiro foco da revolução digital.

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