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A nossa responsabilidade social

O fim da alternância

 A nossa responsabilidade social

Ideias Políticas

2021-11-30 às 06h00

André Patrão André Patrão

Há sempre temas interessantes e que podem originar uma reflexão, uma opinião, uma abordagem pelo que nunca é fácil escolher um assunto, sobre o qual me debruço, de quinze em quinze dias, para escrever esta crónica. Nesse sentido, não é, de todo, uma escolha leviana, levando a uma discussão de equipa no sentido de perceber as opiniões e contextos, valorizando, mais do que qualquer outra coisa, a responsabilidade social de quem se prontifica a servir as pessoas e a causa pública, ou seja, de quem se dedica à actividade política. Ponderando todos os temas, a relevância actual da pandemia e da covid-19 apresentou-se como pertinente para uma referência à responsabilidade social, título escolhido para a presente crónica.
Em Janeiro de 2021, o cenário pandémico era terrível: a terceira vaga da pandemia trouxe o pior mês, com mais de cinco mil óbitos, com uma média de cerca de cento e setenta e oito óbitos por dia, mais de trezentos mil contaminados, em pleno confinamento obrigatório. Actualmente, Portugal entrou no quadrante mais preocupante da matriz de risco, aumentando o risco, os casos aumentam, diariamente, os internados também, as mortes surgem, toda a Europa teme e treme, o mundo também, tendo o nosso país superado os três mil novos casos por dia, os números mais altos desde julho. Perante estes números, a responsabilidade social do Governo (e que se alastra a todos nós) obriga à aplicação da sabedoria popular – mais vale prevenir do que remediar e foram anunciadas novas medidas. No entanto, perante a situação, perante as medidas, perante o alarmismo, começam, novamente, os rumores, as falsas informações, os ataques à gestão, à organização, à vacinação, levantando dúvidas e fomentando suspeitas sobre a doença e sobre tudo o que nos foi sendo dito, ao longo dos últimos meses, pelo que se torna relevante, em alturas difíceis, apresentar bom-senso, consciencialização e uma perspectiva equilibrada.
O Governo decretou o estado de calamidade, a partir do 1 de Dezembro, sendo que as novas medidas relativas à covid-19 implicam, por exemplo, o regresso da máscara (obrigatória em espaços fechados) e a apresentação obrigatória do certificado covid para acesso a restaurantes, estabelecimentos turísticos, eventos com lugares marcados e ginásios, a par da exigência de teste negativo, mesmo para vacinados, para visitar pessoas em lares e estabelecimentos de saúde e para aceder a grandes eventos culturais ou desportivos, assim como a discotecas e bares.
E quais são as motivações que sustentam as novas medidas? O que faz com que os testes se exijam também aos vacinados? O que é que levou o governo a tomar esta posição, sujeitando-se ao impacto na percepção pública, tão próximo das eleições legislativas e de um período muito sensível como o Natal?
As motivações prendem-se com o contexto acima mencionado: há um ano atrás, estávamos prestes a entrar no pior mês da covid-19, em confinamento obrigatório, com limites à nossa tão essencial liberdade, o SNS estava sobrecarregado, os seus profissionais, sempre corajosos, estavam, uma vez mais, no limite, as mortes sucediam-se e o cenário, enfatize-se, era devastador. Hoje, temos uma certeza: a vacinação fez a diferença. A realidade é que a vacinação permite-nos ter defesas para o caso de contágio mas não nos impede de contrair a doença pelo que a testagem é essencial para prevenirmos o contágio pois, ao sabermos que estamos infectados, restringimos a propagação através do isolamento. Entre os internados, há um número maior de não vacinados pelo que, em termos práticos, sermos vacinados reduz os efeitos da doença e, também, das sequelas, ou seja, protege-nos. A testagem frequente re- duz a propagação, limitando a disseminação da doença e contribuindo para a redução dos infectados. E é tudo uma lógica sequencial: mais pessoas vacinadas, mais pessoas protegidas, mais pessoas testadas, menos propagação, mais pessoas protegidas. E a acção de um governo, independentemente da sua cor partidária, deve pautar por pôr as pessoas em primeiro lugar, o seu bem-estar, os seus direitos, a sua qualidade de vida. E há algo inquestionável: não há nada mais fundamental que o direito à vida e essa é a maior responsabilidade de qualquer governo: proteger os seus.
Nos próximos tempos, continua aquele que se apresenta como um dos maiores testes das nossas vidas: sabermos, de forma responsável, aplicar algum sacrifício, nas nossas vidas, pelo bem da sociedade em que vivemos, sem nunca deixar de apresentar esperança no presente e no futuro mas, também, com a consciência de que todos os nossos comportamentos e atitudes podem ser fundamentais para todos aqueles que nos rodeiam, para nos mantermos com saúde, sendo que nunca foi tão essencial sermos mais solidários, mais compreensivos e mais tolerantes, uns com os outros, como agora.

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