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A marasmática universidade

Segurança na União Europeia: desafio e prioridades

A marasmática universidade

Escreve quem sabe

2025-01-11 às 06h00

João Ribeiro Mendes João Ribeiro Mendes

Na primavera de 2025 inicia-se um novo ciclo eleitoral na Universidade do Minho (UM) com o sufrágio para o Conselho Geral e, mais para o fim do ano, para Reitor. Os dois processos são, obviamente, distintos, mas na prática toda a gente sabe que as listas para o primeiro são antecâmaras para a escolha do segundo, com os respetivos cabeças de lista a posicionarem-se para o efeito.
Não é preciso ser catedrático para se poder candidatar a Reitor da UM. Qualquer professor ou investigador doutorado se qualifica para tal. Também não é necessário, de acordo com os Estatutos da UM, ser da casa, podendo concorrer ao cargo professores ou investigadores doutorados de outras instituições de ensino universitário ou de investigação, nacionais ou estrangeiras. E igualmente não se exige que seja homem, podendo mulheres candidatar-se a Reitora da UM.
No entanto, quem estiver minimamente atento ao historial de meio século da UM, dá-se conta de que a probabilidade de um não catedrático ou de um candidato de fora ou de uma mulher vir a tornar-se Reitor da UM, em razão da existente cultura institucional altamente hierárquica, hermética e androcentrada, é francamente baixa, para não dizer nula. Os diplomas legais inscrevem essas possibilidades, mas a experiência mostra que o fazem a título deco- rativo, para manter um ar de politicamente correto. E daqui a cinquenta anos, quando for comemorado o centenário da UM, vaticino que alguém escreverá um artigo a confirmar isso mesmo.
Continua a ser surpreendente que, para o exercício de cargos de natureza diretiva, como Reitor, membro da equipa reitoral, ou presidente de uma unidade orgânica ou de investigação, sejam exigidas tão parcas qualificações específicas para a função. No mínimo, seria razoável que os putativos candidatos tivessem realizado um Curso de Alta Direção para a Administração Pública no Instituto Nacional de Administração ou equivalente.
Também é pena que na era da Inteligência Artificial, os Estatutos da UM não permitam candidaturas de entidades sintéticas como, por exemplo, de um agente de IA generativa, ou mesmo de uma parceria entre tal agente e um ser humano que o representasse nos órgãos governativos. Seria curioso ver essa criatura ambígena tomar assento no Conselho Geral ou atuar como Reitor.
E que podemos esperar na sequência desses atos eleitorais? A mesmidade do mesmo. Perfilam-se, neste momento, para não variar, dois candidatos, homens, a próximo Reitor. É quase certo que nada de significativo irão mudar. Suponho, aliás, que há mais probabilidades de ser descoberta uma cura para o cancro ou de estabelecermos uma colónia humana em Marte do que haver mudanças na UM até ao final da atual década ou mesmo da seguinte. Talvez se repintem algumas paredes dos edifícios e se alindem uns canteiros, mas mesmo isso não é garantido por causa da penúria financeira. A continuação do ambiente marasmático está, pois, garantida.
Carece a UM de um Conselho Geral verdadeiramente plural, composto por membros que não apenas possuam ideias próprias, mas também demonstrem uma resiliência moral inabalável e uma atitude proativa perante os desafios. Além disso, é imperativo contar com um novo Reitor que não se limite a gerir rotinas, mas que apresente uma visão ampla e estratégica, capaz de pensar “fora da caixa” e de agir com criatividade, ousadia e espírito disruptivo. Só com uma liderança desta natureza será possível enfrentar os exigentíssimos desafios que já se desenham no horizonte. Vai isso acontecer? Duvido, pois a atração pela frouxidade é grande!

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