Correio do Minho

Braga, sábado

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A Joana

Analogias outonais

Ideias

2013-04-05 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Se gostamos do nome, que aliás também o é de nossa neta mais velha, cada vez apreciamos e admiramos mais a pessoa, sua personalidade e as posições já assumidas como Procuradora Geral da República.

Apenas tivemos um único e simples contacto pessoal aquando de uma inspecção que levámos a efeito em Lisboa, mas ficámos impressionados com o seu porte e a sua personalidade funcional, analítica e realista, que aliás deixavam transparecer um espírito independente e sabedor, inteligência, carácter, sensatez e prudência. O que aliás logo fluiu do simples, objectivo e imparcial parecer informativo que produziu sobre a actuação profissional em concreto de uma sua magistrada e suas qualidades em termos de dedicação e trabalho, o que depois comprovámos.

Mas a grande verdade é que de algum modo nos surpreendeu a sua escolha para PGR quando eram outros os nomes e personagens que iam avançando às “cavalitas” dos media, pessoas desde há muito usuais nos escaparates da comunicação social e por esta habitual e artificiosamente projectadas como exímias em ciência, sabedoria, competência e qualidade funcional. E, note-se, até sugeridas, desejadas e de certo modo tidas como mais adequadas para uma natural continuidade na acção e consequente perdurar no tempo do “consulado” anterior. Aliás muito perturbador, de triste memória e muito perverso para o MP e sua imagem, já que conduziu tal magistratura a um incontornável descalabro, desprestígio e desconfiança.

Na realidade ainda é impossível hoje esquecer os atropelos de que foram vítimas muitos magistrados, aliás ofendidos nas suas competência, trabalho, seriedade e independência funcional, tudo uma consequência das manifestas inaptidão e inépcia emanadas do Palácio dos Duque de Palmela, ao Rato, onde aliás se foi desenvolvendo, “cultivando” e processando um certo “jogo de damas”, de intrigas e de interesses nem sempre claros, com todo um exacerbar de um atoleimado centralismo de discutível aceitação, razoabilidade e sensatez a que se associaram cândidos morgadios, inexplicáveis coutadas e duvidosas fazendas. Aliás muito explorado pelos media e “alimentado” por fugas de informação, para maior descrédito do MP e sua valência.

Aliás por muitos era suposta e mesmo projectada a escolha de alguém que, tendo auferido de especiais projecção e lançamento monteiristas e mediáticos, se apresentasse laureado por excelsas qualidades, méritos e virtualidades, ainda que em si mesmas muito discutíveis porque “criadas e urdidas” nos artificiosos meandros de toda uma manipulada propaganda.

Perfilhar-se-ia como o sucessor ideal de P. Monteiro, o homem que apesar da sua discutível e perversa acção como PGR já “levou com” uma medalha do Cavaco, embora tais medalhas e atribuição sejam de nulos significado e valia.

Claro que da Joana se espera uma efectiva e profícua acção que se distinga por uma imaculada independência, uma intocável isenção e uma profunda inteligência funcional, sendo que lhe reconhecemos qualidades, conhecimentos, experiência e competência técnica para gerir com mérito o MP, reconduzindo-o aos parâmetros de aceitação, respeito e eficácia de que andou arredio, reconquistando a confiança dos cidadãos na sua intervenção em prol da Justiça. Não a vendo como uma simples Rainha da Inglaterra, como se considerou o anterior PGR, a grande verdade é que as medidas e nomeações já tomadas deixam perceber não ter havido erro de casting na nomeação e escolha, desejando-se e confiando-se que saiba rodear-se de uma “cúria” de fiéis e inteligentes colaboradores, independentes e de manifesta competência.

Aliás temos esperança em que conserve e desenvolva os genes do pai, que, para além das muitas qualidades de inteligência, sensatez, isenção, competência e saber, se distinguia por um sadio humor e uma oratória de encantar.

Claro que os genes não são tudo, e é óbvio que a tarefa da Joana é demasiado árdua e ingente, mas não nos incomoda nada, como aconteceu a PMonteiro, que tenha tido uma ligação directa ou indirecta, actual ou remota, ao SMMP. Terá, diga-se, de se fazer acompanhar por pessoas competentes, sensatas e bem formadas e ... de arrumar a casa, com uma eficaz colaboração das Distritais e dos coordenadores dispersos no país, sendo que ainda há muitos magistrados dedicados, competentes, trabalhadores, sérios e muito responsáveis.

Aliás o arrumar da casa tem de ser uma das prioridades da Joana pois não é suposto que fale nos atrasos dos Juízes quando no MP há muita miséria encoberta e atrasos inadmissíveis. Como é de todos sabido, diga-se, sendo que em algumas “colmeias” de magistrados ainda há alguns “zangãos”, muitas vespas “velutinas” e também alguma “varroa” que as têm vindo a dizimar, impedindo e obstando a todo um trabalho profícuo, rentável e meritoso das “abelhas obreiras” resistentes.

Aliás a Joana tem de se perfilar como uma “apicultora” inteligente e responsável, defendendo e protegendo as suas “colmeias” para obter uma meritosa e profícua produção de “mel jurídico ”, livrando-se dos ácaros e de tais vespas perversas em que muitos magistrados se foram tornando a coberto do facilitismo e lassismo de certos dirigentes e (ir)responsáveis. Até porque os magistrados não podem olhar para a função e magistratura que livremente assumiram e escolheram como um canapé ou sofá que apenas serve de encosto e aconchego a uma vida de certa projecção social, acomodando-se aos jogos da Net, aos e-mails e às pesquisas, de todo alheados da realidade concreta e do interesse dos cidadãos que clamam por justiça e acção.

A sua actuação como PGR, note-se, vai envolver exigências, sacrifícios, eficiência e mais trabalho, aliás de todo comportáveis e enquadráveis na função, e não faltarão vozes, críticas e contestação com um natural eclodir de forças de bloqueio e oposições. Mesmo no interior do CSMP onde cada vez mais “flutuam” interesses e mensagens da política e sindicatos, mas é imperioso que a PGR saiba ser sempre a Joana Marques Vidal a que nos habituou, corajosa, resistente e independente, alheando-se de todo dos “jotinhas” da política e sindicatos, e quejandos, mesmo com ar de rufias de bairro, que aliás são meros lacaios de certos poderes instituídos e vivem em míngua de inteligência, personalidade, responsabilidade, seriedade e experiência de vida.
E para lhes fazer frente, cara Joana, só é preciso ter coragem e agir sem medo.

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