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A importância da nanotecnologia no retalho

Ettore Scola e a ferrovia portuguesa

A importância da nanotecnologia no retalho

Escreve quem sabe

2021-12-06 às 06h00

Álvaro Moreira da Silva Álvaro Moreira da Silva

Acompanhei, em 2009, a inauguração do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia por Cavaco Silva e Juan Carlos, rei de Espanha. Pude aperceber-me, naquela altura, da importância de tal evento para o desenvolvimento da cidade de Braga e para o progresso do nosso país, pois recolhi a informação de que um grande número de investigadores estrangeiros, alguns de alto nome, viriam para a nossa cidade e conformariam um quadro investigativo de excelência. O facto de o Laboratório estabelecer contacto com a Universidade do Minho mais confirmou a minha perceção. Passados doze anos, a evolução espantosa da investigação em nanotecnologia e os avanços efetivos na produção de materiais cada vez mais inteligentes e depurados, para além de eficazes e de maior segurança, não oferecem dúvidas sobre a sua relevância. O mundo depende cada vez mais do domínio humano sobre o quântico, o molecular e o atómico, e a manipulação de materiais a estes níveis para o desenvolvimento e transformação de produtos é um facto irreversível.

O avanço tecnológico, especificamente na criação de processadores micro cujo acesso às células mais profundas está mais facilitado, permite uma manipulação mais acurada dos diversos materiais, uma maior rapidez e precisão nas múltiplas ações, com consequências que, neste momento, apenas ligeiramente vislumbramos: na eletrónica (telemóveis e computadores mais po- tentes, com maior capacidade de armazenamento de dados; televisões, relógios, telas, baterias), na energia (lâmpadas que usam materiais diversos, carvão transformado em gás a partir de reações químicas), na construção civil (em argamassas, revestimentos e vidros cada vez mais resistentes), na cosmética (produtos de beleza, filtros solares), na indústria farmacêutica (produtos anticancerígenos, terapêuticos e profiláticos), na moda, com aplicações químicas (aderência e resistência de materiais, roupas inteligentes, capazes de, por exemplo, repelirem insetos), na medicina (novas drogas medicamentosas, regeneração de tecidos corporais), na alimentação (alteração de sabores e formas dos alimentos, redução e aumento de nutrientes, deteção e neutralização de micro-organismos).

Como se percebe, são infinitos os campos de aplicação da nanotecnologia, e está na hora de levá-la às escolas. Os jovens têm, relativamente a gerações anteriores, acesso a dispositivos infinitamente mais potentes e devem capacitar-se para a compreensão e atualização do trabalho científico, para as vantagens desta ciência nascente, mas, também, para todos os perigos que espreitam em cada canto. Transmitir aos jovens uma filosofia da atenção é cada vez mais necessário. A função das universidades é, neste âmbito, fulcral. Se os investigadores, como a Professora Elvira Fortunato, são capazes de construir transístores de papel, ou se há investigação provada sobre novos testes de diagnóstico (sangue, colesterol), se há tantos campos de investigação e mesmo estruturas físicas características, há que mostrar tudo isso aos nossos jovens, futuros cientistas. Se a Escola não acompanhar estes desenvolvimentos, será uma escola morta.

Finalmente, que relação se estabelece entre o que atrás se disse e o retalho no nosso país? O contexto atual do nosso retalho está marcado por uma concorrência sem tréguas. Quem se atualiza vive, ou sobrevive. Quem se distrai, morre. Otimizar espaços, potenciar ações, resolver novos pro- blemas, tudo em lapsos de tempo muito curtos e a preços o mais reduzidos possível é apanágio de empresas resilientes. Para tanto, os seus técnicos deverão ter informações precisas sobre os resultados da ciência, incluindo logicamente a nanotecnológica, sob pena de fracasso. Relativamente à venda de produtos com nanotecnologia incorporada, a evidência das coisas conduzirá as ações. Os produtos estão aí, serão comprados às empresas e vendidos aos clientes, presumivelmente bem testados, mas poten- cialmente em fase de problema- tização. Não se espera que a alteração da forma e do sabor de uma maçã cause dificuldades na digestão humana, mas pode, eventualmente, acontecer. Tal como não é previsível que o acrescentamento de um micro produto no protetor solar origine alergias graves. Mas também pode acontecer.
As empresas de retalho estão com certeza atentas a isso, nem poderia ser de outra forma.

*com JMS

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