Correio do Minho

Braga,

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A fria e triste realidade dos lares e a débil gestão política

As emoções no outono

Ideias

2020-09-12 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

Perante as polémicas declarações da Srª. Ministra da Segurança Social, Drª. Ana Mendes Godinho, sobre a falta de leitura do relatório do Lar de Monsaraz, que puseram a nu a incompetência, a impreparação e a decadência de Ministros e responsáveis políticos, foi destapada uma realidade triste e cruel que se vive nos lares. Como em tudo, há excepções.
Mas este problema, a falta de um quadro técnico permanente, nomeadamente Enfermeiros e gestões débeis e incapazes, concretamente na prestação de cuidados de saúde, já há muito tempo tinha sido levantado e alertado pela Ordem dos Enfermeiros e sua Bastonária.
A questão da pandemia e da infecção Covid-19, veio acelerar a demonstração desta triste realidade, da pior forma, com um sem-número de óbitos e muitos utentes que ficaram doentes, “potencializados” pelas comorbilidades associadas de que sofrem.
Mas a triste realidade, para além da falta de Enfermeiros em lares, são as decrepitas gestões e a inquietante ignorância, irresponsabilidade e incompetência política, de uma magnitude assustadora, que relativizou e tentou minorar as mortes dos utentes dos lares, a que se associou o Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, num drible de palavras, com estômago de ruminante, mas daqueles que não voam, ao tentar proteger a Ministra.
É que o Sr. Primeiro-Ministro, ao proferir as declarações que fez, tornou a sua Ministra uma governante irrelevante e incapaz de se afirmar e defender, porque ele teve que vir socorre-la. Para além disso, confirmou a polémica e demonstrou também, a sua debilidade e ignorância, tomando uma posição totalitária, ao desqualificar o relatório da Ordem dos Médicos. Com isso, obrigou o Sr. Bastonário, Dr. Miguel Guimarães, a vir defender a sua honra e trocar uns mimos com o Sr. Primeiro-Ministro. E é este o estado circense que vamos assistindo, no decorrer dos assuntos sérios e preocupantes, quando não são do agrado do governo ou do Dr. António Costa. Depois foi a inapropriada reunião urgente com os médicos (Depois do enxovalho aos Médicos, que se tornou público, a Ordem dos Médicos saiu da reunião fragilizada - entrada de leão, saída de gato/gatas), onde no final faltou o pedido de desculpas publico do Primeiro-Ministro
Passando à realidade do terreno:
· Com a chegada do Outono/Inverno, os lares já estão preparados para os desafios que se avizinham? Gripe sazonal? Possível 2ª. Vaga COVID?
· Já têm material de protecção (EPI’s), desinfectantes e outros materiais descartáveis necessários?
· Já contrataram Enfermeiros para os seus quadros, para assegurar a gestão técnica, liderança e prestação de cuidados de saúde e supervisão, durante as 24 horas do dia, durante todo o ano?
· Estão já preparados para cuidar dos seus utentes, com dignidade, como pessoas e cidadãos de corpo inteiro, com as suas debilidades e comorbilidades, próprias da idade e do envelhecimento biológico a que todo o indivíduo está sujeito? Porque os idosos devem também ser tratados de forma humanizada de maneira a terem um envelhecimento saudável;
· O Ministério da Segurança Social está mais consciente, conhecedor e desperto para esta realidade e por isso, exigente nas suas inspecções e fiscalizações?
. Na reunião com os Epidemiologistas no Porto (2020.09.07), onde estiveram presentes Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro, a segunda figura do Estado questionou “não se terem aprendido lições da primeira fase”! Que incômodo para o Governo!
· E que diz a Srª. Ministra da Saúde? Sim, porque muitas destas questões, senão a maior parte, são problemas e questões de/da Saúde. Haverá coragem política para alterar este estado de coisas?

No presente, ou num futuro muito próximo, se nada for feito e não forem tomadas medidas correctivas e se, apenas se ficar na demagogia e declarações políticas como a deslocada Ministra da Segurança Social ou o ilusionista Primeiro-Ministro, tudo será muito sombrio e assustador, perante um Estado e uma Sociedade que não cuida dos seus Cidadãos, das Pessoas e dos seus Idosos, que muito deram à Comunidade e ao País, que hoje num pensamento materialista e de frieza económica e economicista, não canaliza verbas dos impostos arrecadados para cuidar destas débeis pessoas!
Jamais poderão responsabilizar as Ordens dos Enfermeiros e dos Médicos, porque estes não estiveram calados e alertaram para a realidade, apesar do poder político os ignorar e desvalorizar. Um hábito dos governos socialistas!

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