Nobel de Economia de 2024: desigualdade, colonização e instituições
Voz às Escolas
2023-05-25 às 06h00
Vivemos tempos de muitas mudanças que se refletem, inquestionavelmente, no funcionamento estrutural das instituições. As Escolas, palcos privilegiados de todos os movimentos históricos, políticos, económicos e sociais, sempre viveram as mudanças e continuamente mostraram capacidade, junto com os seus atores, de promover as adaptações necessárias às etapas seguintes! Não será diferente nos tempos atuais, quando tanto se fala de uma crise de autoridade nas Escolas.
Este tema é complexo e pode variar de acordo com a região e o contexto específico de cada instituição. Contudo, arrisco-me a defender que esta crise de autoridade é o reflexo de uma sociedade que se encontra num processo de reajustamento, que está a alterar os núcleos familiares alargados e a fomentar o desenvolvimento de uma sociedade muito focada no trabalho e num estilo de vida consumista e efémero!
É inquietante pensar nas consequências desta nova forma de vida para as Famílias e para as Escolas! As teias familiares que garantiam um espaço seguro de educação e proteção (os avós, os tios, até os vizinhos…) estão a desaparecer, sendo substituídas por outras estruturas de caráter mais institucional! Contudo, é incontestável que a presença e o apoio afetivo dos pais são essenciais para o bom desenvolvimento psicossocial dos filhos.
Nesta perspetiva, é urgente refletir na importância do binómio Escola/Família para o sucesso educativo e para o desenvolvimento das crianças! Não tenho qualquer hesitação em defender que, quando a Escola e a Família trabalham juntas, de forma colaborativa e em harmonia, os benefícios são significativos na promoção do respeito pela Escola e pelos Professores!
Ouve-se frequentemente dizer que os pais estão cada vez mais alheados da vida escolar dos filhos, remetendo para a escola a tarefa de os educar! Não devemos, no entanto, esquecer que também a Escola, em algumas situações, é responsável por este alheamento dos pais, já que tendencialmente desenvolve canais de comunicação, talvez demasiado complexos e difíceis de entender pelas famílias e nem sempre mobilizadores da sua participação.
Sabemos que a partir do 1º ciclo diminui drasticamente a participação dos pais na vida escolar dos filhos! Para prolongar o sucesso do binómio Escola/Família, é importante que as duas instituições desenvolvam sinergias que permitam comunicar com respeito mútuo. As Escolas podem implementar políticas que incentivem o envolvimento dos pais, promover canais de comunicação efetivos, e oferecer oportunidades para a participação dos encarregados de educação na tomada de decisões. Da mesma forma, as Famílias podem e devem participar ativamente na vida escolar dos filhos, comparecendo a reuniões, participando nas atividades e decisões escolares.
Quando a Escola e a Família trabalham em conjunto como parceiras, os alunos são os maiores beneficiados, usufruindo de um ambiente de apoio, colaboração e estímulo promotor do seu desenvolvimento escolar, social e emocional. Simultaneamente, quando os pais se envolvem na vida escolar dos filhos, demonstrando interesse e valorização pela Escola, estão a transmitir-lhes uma mensagem forte sobre a importância da educação e a necessidade de respeitar a autoridade dos professores.
Assim, só com a colaboração entre escola e família, pilar fundamental para o sucesso educativo, é possível criar um caminho sólido e seguro para o crescimento e realização plena dos jovens.
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