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Ideias Políticas
2025-04-22 às 06h00
As tarifas propostas por Donald Trump, numa nova vaga de protecionismo económico, representam uma ameaça direta à lógica do comércio internacional e ao princípio da vantagem comparativa que sustenta o crescimento económico moderno. Para um liberal clássico, defensor do livre mercado e da cooperação entre nações, estas medidas não passam de um sinal de fraqueza económica disfarçada de patriotismo.
O princípio da vantagem comparativa, formulado por David Ricardo no século XIX, demonstra que mesmo países menos eficientes podem beneficiar do comércio ao especializarem-se nos bens em que são relativamente mais produtivos. Ao imporem-se tarifas sobre produtos estrangeiros, os EUA estão, essencialmente, a ignorar esta lógica fundamental. O resultado previsível será o aumento dos custos de produção, perda de eficiência e redução do bem-estar dos consumidores, que acabarão por pagar mais por bens de menor qualidade.
Portugal é um bom exemplo de um país que prospera quando se integra em mercados abertos. O mercado único europeu facilitou a exportação de bens e serviços portugueses, a atração de investimento estrangeiro e o acesso a cadeias de valor sofisticadas. As exportações de componentes automóveis para a Alemanha, calçado para França, ou serviços tecnológicos para a Irlanda são possíveis graças à eliminação de barreiras internas na UE.
Contudo, é importante não romantizar a realidade. O chamado “mercado único” europeu está longe de ser totalmente único. Persistem barreiras não tarifárias, diferenças regulatórias, protecionismo nacional disfarçado e obstáculos políticos que impedem a livre circulação plena sobretudo nos serviços onde os Estados-membros continuam a proteger setores estratégicos. O resultado é um mercado que funciona de forma eficiente em algumas áreas, mas está incompleto noutras, limitando os seus potenciais benefícios. Um liberal clássico reconhece o progresso, mas exige mais ambição: verdadeira concorrência; neutralidade regulatória e menos interferência estatal.
Face ao protecionismo americano, Portugal vê-se exposto. Os sectores exportadores enfrentam a perspetiva de maiores custos, menor procura e incerteza nos contratos. Mais preocupante ainda é o efeito indireto, ou seja, a perturbação nas cadeias globais afetará a própria UE, com impactos em países intermédios como o nosso, que dependem de reexportações e fornecimentos a terceiros.
Mas não é só o consumidor português que sofre. O consumidor americano paga o preço mais direto pelas tarifas, uma vez que produtos importados tornam-se mais caros, a concorrência diminui e a indústria local, protegida artificialmente, perde o incentivo à inovação e à eficiência. O resultado é um mercado mais fechado, menos dinâmico, e onde os custos são socializados enquanto os benefícios são privatizados.
O comércio livre não é uma abstração teórica, é a base do progresso económico e da paz entre nações. Para um liberal clássico, defender o mercado, mesmo que imperfeito, é um dever. A UE deve continuar a combater o protecionismo, não só nos Estados Unidos, mas dentro de portas. Portugal, por seu lado, deve posicionar-se como defensor intransigente da abertura económica, vital para o seu desenvolvimento.
20 Maio 2025
20 Maio 2025
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