Correio do Minho

Braga,

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A democracia está a degradar-se. Pois está!

‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações

Escreve quem sabe

2023-07-15 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

O Povo Português, corajoso, lutou e muito, durante muitíssimos anos, alguns pagando com a própria vida e de alguns familiares, outros foram deportados e tantos outros foram torturados, até à conquista da liberdade e instauração da Democracia, neste belo país, de seu nobre nome, Portugal.
Estão passados quase 50 anos, meio século portanto, desta conquista e, tantos de nós Cidadãos, humildes, mas sérios e honestos, notamos e sentimos que a tão desejada Democracia e muito querida liberdade está em processo de degradação acentuada. Alguns querem impor o delito de opinião. A ditadura económica impõe-se, a inflação come os pequenos ganhos, retirando capacidade económica aos Cidadãos mais desfavorecidos. Os idosos têm reformas pequenas, o que não lhes possibilita grandes condições de vida desafogada. O acesso aos cuidados de saúde, Médico e Enfermeiro de Família, estão diminuídos. Consulta de especialidade e cirurgias, com longas listas de espera, penalizando precisamente quem não tem outro recurso, nem seguros de saúde, e tem de “aguentar”.

Perante uma evolução e história recente, nestes 49 anos, e por muito estranho que pareça, em nossa opinião, é precisamente o “Poder Político” que mais tem degradado a democracia e, com medidas e leis desadequadas, limitando a liberdade, nas mais variadas formas e expressões. Sociologicamente, estamos mais evoluídos. O pensamento social mais exigente. Mas as condições e vida societal, são as melhores?
Os actos eleitorais têm registado altíssimas taxas de abstenção, suportadas com muitas desculpas, mas assentes também, em factos e realidades inequívocas: alheamento dos jovens ao “facto político” e desacreditação nas escolhas e mudanças de tão fracos políticos e projectos colocados a sufrágio dos Cidadãos eleitores.
As Instituições não se respeitam. As críticas, na praça pública, são feitas sem decoro, sem respeito e sem ”etiqueta”!

Nestes últimos dias fomos confrontados com declarações e críticas do Sr. Ministro da Cultura (e logo da Cultura) Dr. Pedro Adão e Silva, sobre os senhores Deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP e “os modos” como correram os trabalhos desta CPI. Convém lembrar que, o Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, em tempos passados, quando houve o caso do Dr. João Soares, também enquanto Ministro da Cultura, referiu …”nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo” …“Devem ser contidos”… (Dr. António Costa).

Este caso das críticas do actual Ministro da Cultura, tem particular importância e tornou-se numa descortesia e até, talvez, numa deslealdade, com o ex-membro do governo e com a CPI, porque:
• Quem presidiu à CPI, foi o ex-Secretário de Estado da Saúde, Dr. Lacerda Sales, deste mesmo Governo a que pertence o Ministro da Cultura;
• O Governo responde perante o Parlamento e não este Orgão de soberania perante o Governo. E por isso, não pode haver aqui uma inversão de papeis e a tal falta de respeito:
• A (tentativa) transformação de trabalhos de uma CPI, com a importância que ela tem, os documentos que produziu, as verdades e tentativas de adulterar as verdades e as horas mediáticas que consumiu, num caso de desvalorização total, que possa servir os interesses do PS e desacreditar as outras forças políticas;
• O próprio Presidente da CPI, Deputado, Dr. Lacerda Sales, qualificou as declarações do Ministro da Cultura de “falta de respeito” e “caracterização muito injusta”, solicitando até que o Sr. Ministro se “retrate”;
• Terão sido estas afirmações propositadas para criar um momento e facto político e de distração, à demissão do Secretário de Estado da Defesa, por corrupção?

Depois, numa outra dimensão, a relatora desta CPI, Deputada do PS Ana Paula Bernardo, apresentou um documento/relatório eliminando factos concretos, que vimos e ouvimos nas televisões, com afirmações até, dos próprios, e que são desvalorizadas neste relatório. Factos estes, da TAP, que deram origem à CPI e onde se demitiram, Ministro, Secretário de Estado, Gestora e CEO da TAP.
Para além disso, os muitos casos e casinhos deste governo, os arrufos entre o Sr. Presidente da República e Sr. Primeiro-Ministro na praça pública, episódios de tiques autoritários e comentários menos nobres, gravados pela televisão/canal do Parlamento, do Sr. Presidente da Assembleia da República, Dr. Augusto Santos Silva e, tantos outros, associados ao tráfico de influência, favores e corrupção, degradam, seguramente, a Democracia. Último caso de demissão (e já lá vão treze) no Governo por corrupção – Secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira.

Parece-nos, com culpa de todos os partidos políticos, que os melhores da Sociedade Portuguesa, ficam sempre de fora, afastam-se e não querem participar nesta amálgama de baixa cotação de valores, colocando o seu bom nome em causa.
E o Povo como reage? E o Povo tem escolha? O Povo tem sempre razão! Por isso quererá eleger sempre os seus representantes, que muitas vezes não correspondem às espectativas e ao que se esperava deles, bem como ao bom nome que o bom Cidadão Português tem! Precisam-se de novos valores, não só éticos, mas também morais.

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