Definitivamente, os anos letivos não são iguais. A não ser, obviamente, no serem iguais no comum de serem todos diferentes. O atual, para além de diferente, garantidamente complexo e desafiante: o Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio é maior, em número de alunos, turmas e docentes, do que alguma vez foi na sua história, mantendo o estatuto adquirido de o maior do concelho e de um dos maiores nacionais; numa realidade que colide com o facto de o seu enquadramento normativo e funcional superiormente definido ser o resultante da transição e colisão de duas políticas distintas, de dois governos e posturas distintas (esperando que somente dois, porque a atual incerteza na aprovação do orçamento de estado nem isso garante).

Em consequência de decisão do governo anterior, tivemos uma alteração significativa do quadro de docentes do AESAS e dos outros agrupamentos. No nosso caso, foram mais de 50 docentes novos que entraram no nosso quadro permanente. Se, por um lado, em termos futuros, tal possa trazer uma maior estabilidade, a curto prazo, para além de ter obrigado à saída de vários docentes em plurianualidade, impactantes porque há muitos anos connosco, implica o conhecimento e ajuste mútuo entre a especificidade de cada um dos novos docentes com a identidade e práticas do nosso Agrupamento. A esses docentes novos que se incorporaram no quadro, acrescem quase uma centena de outros docentes, em mobilidade ou contratados, a maioria dos quais novos no AESAS, que também vão trabalhar connosco no presente ano letivo.
São estes os docentes que irão assegurar a qualidade do ato educativo a cada um dos mais de 4000 alunos do AESAS, entre crianças, jovens e adultos, numa realidade complexa de necessidades, incluindo as mais de 80 nacionalidades distintas e um número crescente de crianças com necessidades específicas.

Pela positiva, a esperada pacificação dos docentes das escolas, por via de verem reconhecida, pela atual Tutela, a sua justa ambição da recuperação do tempo integral do seu tempo de serviço congelado, bem como o, ainda mitigado, sucesso de algumas das medidas para contrariar a crescente escassez de docentes a nível nacional.
No âmbito das medidas positivas, para além da extinção do mal-afamado, incompreendido e, muitas vezes, perversamente aplicado Projeto MAIA, também a mudança – a publicitar em breve – do modelo de monitorização externa da aprendizagem dos alunos.

No campo da incerteza, a concretização de medidas e a disponibilização de recursos efetivos para responder ao potencial insucesso óbvio do elevado número de alunos não falantes de português no nosso sistema educativo. O sucesso educativo desses alunos, para além de uma questão de elementar justiça para com crianças e jovens, é fundamental para que não ocorra um desperdício do seu potencial talento, bem como para garantir a inclusão, com harmonia, dos mesmos na nossa sociedade e no mercado de trabalho, conforme assinalado no programa do atual governo.

No campo do desconhecido, mas a carecer da melhor atenção e responsabilidade de todos os envolvidos, para que não afete a qualidade do ato educativo, a positiva vontade da tutela de rever com brevidade o Estatuto da Carreira Docente (em particular, o não funcional e não justo modelo de avaliação), bem como o modelo de organização e gestão das escolas públicas, num contexto anunciado de lhes proporcionar - e aos seus profissionais - maior reconhecimento, autonomia, transparência e responsabilidade.
Muita água a correr debaixo da ponte… Que corra fluida e serena, levando os que nela precisam de navegar a justo porto.
Votos de um excelente ano letivo!