Correio do Minho

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A cara democracia ou a democracia cara

Uma primeira vez... no andebol feminino

Ideias

2014-09-12 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Para quem viveu e sofreu durante anos e anos com qualquer ditadura ou regime congénere, sem dúvida alguma que a democracia, e o seu estabelecimento, não deixará nunca de lhe ser cara, prezada, estimada e querida. Simplesmente, e é bom que se pense e se diga, é de todo em todo imperioso que a democracia não se reverta e se transforme em algo que custe sacrifícios, seja custoso, penoso, e traga consigo más consequências a um ponto tal que se possa dizer, e com certa razão, que custa mais do que o que vale, sendo incontornavelmente demasiado cara e excede o seu valor real.
Aliás sem quaisquer serôdios revivalismos, saudades, arrependimentos, ou sentimentos de revolta, de inconformidade ou de típico reaccionarismo primário, importará que, tendo-se os pés bem assentes na terra e a “cabeça” limpa de tolas, utópicas, delirantes e estultas ideias, se olhe para o Portugal concreto e real dos dias de hoje e nos debrucemos sobre a democracia que se estabeleceu.
Se recuarmos a 1974, e a tudo o que na ocasião se sucedeu, se viveu e se disse, forçosamente teremos de concluir que a democracia apenas foi querida, cara e prezada para alguns, sendo que para a generalidade de todo um povo se foi cada vez mais se transmudando e travestindo em algo de amargo, de doloroso, de custoso. Fizeram-se leis, alteraram-se coisas, criaram-se entidades e serviços, apaparicaram-se partidos e os seus membros, “geraram-se” e embalaram-se políticos “metendo-os” em tudo quanto dizia respeito ao governo, destino e futuro de toda uma nação, tendo-se logo a preocupação de fazer uma constituição à maneira dos seus particulares interesses, uma constituição do tipo “espartilho” das antigas senhoras, cheio de ilhós, cordões, telas e elementos rígidos, assim se procurando rodear e “salvar”a democracia. Dizia-se então que seria para assim se evitar quaisquer possíveis excrescências e “intumescências” menos democráticas.
E à jovem “senhorinha”, já “espartilhada” por tal constituição feita à maneira e direccionada a certos interesses partidários, que muitos apenas a usam e invocam em seu proveito, intentou-se e conseguiu-se metê-la dentro de um espaventoso “vestido” de balão com saiotes de apoio, muitos folhos e enorme roda para que imitasse, nos seus movimentos, poses, acção e aparência tudo quanto lá fora vinha sendo tido como democrático e moderno, e havia sido respirado por certos “políticos” e “ideólogos”, ainda que esquecendo de todo as verdadeiras realidades e natureza do próprio país e do sentir e viver de um povo. Aliás de pronto ultrapassado por ideias e “novidades” que foram destruindo e destroçando os seus princípios, sentimentos ancestrais e até incontornáveis valores.
Um povo, aliás, desde logo e sempre cada vez mais embasbado e “embriagado” (mas também assustado!) com os “gritos” e “invocações” democráticas habilidosa e oportunamente soltadas por certos e conhecidos experts de também conhecidos movimentos político-sindicais, e ainda bolçadas por ideológos imaturos e alucinados e por utópicos idiotas. Tão embasbacado e “embriagado” que nem sequer lhe sobrou tempo para atenta e friamente, e de uma forma inteligente e abrangente, ajuizar e pensar nas consequências e nos gravosos e onerosos “malefícios” da democracia que nos impingiram. Uma democracia “à portuguesa”, mascarada e manipulada, que a todos enganou e que não passa de uma estúpida partidocracia, aliás apenas cara, querida e prezada para alguns, que até são muitos, que dela vivem e se aproveitam, já que é de todo incontornável que para a maioria do povo, infeliz mas realmente, se tornou extremamente custosa, gravosa e muito cara.
Um povo assoberbado com impostos, em dificuldades, já afectado nos seus sistemas de vida e de segurança futura e de joelhos dobrados face às muitas e vultuosas despesas e custos dessa democracia.
Aliás, pensando bem, seria diferente e mais fácil a vida em democracia se o Estado não subsidiasse os partidos políticos, se reduzisse ao mínimo indispensável os actos eleitorais, se limitasse o número dos que vivem à sua custa como deputados, acessores, autarcas, “parecidos”, e toda aquela “gentalha” embrulhada na governação das coisas públicas sem valia e interesse que se vejam e utilidade que se note.
Na verdade muito se poupava diminuindo o número de deputados, simplificando o poder autárquico, extinguindo-se certos cargos e “altas” figuras da administração pública e pondo-se fim ao tribunal constitucional ( que de “tribunal” é apenas mera aberração porque servido por “juízes”(!?) políticos sofrendo de uma capitis diminutio em termos de isenção), passando-o a uma secção do STJ, o que seria muito mais barato, mais fiável, menos chocante e criticável, evitando-se até tolas e onerosas mordomias.
Aliás assim a democracia portuguesa ficaria muito mais barata e muito menos pesada para todo um povo que a tem vindo a considerar demasiado cara e custosa e a pôr em dúvida o seu valor, interrogando-se seriamente se valerá mesmo a pena arcar com tantos e tão dolorosos sacrifícios para a ter e a manter.
Na verdade para muitos, e o número continua num incontornável crescendo, face a tudo quanto se vem passando, incluindo as palhacices e patetices dos políticos e afins e suas onerosas loucuras, a nossa democracia tem vindo a ser excessivamente cara e dolorosa e a não valer verdadeiramente seu custo, muito embora se admita e reconheça que continuará a ser muito querida, cara e prezada por quem vem dela vivendo, “embrulhado” nas suas instituições, esquemas e derivações, “mamando” e crescendo social e economicamente.
Para eles, claro, a democracia não deixará de ser sempre algo de muito estimado, querido e caro, até porque fautora de toda uma ascensão social e realização de vida.

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