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A ausência de stock numa prateleira

Ettore Scola e a ferrovia portuguesa

A ausência de stock numa prateleira

Escreve quem sabe

2021-10-25 às 06h00

Álvaro Moreira da Silva Álvaro Moreira da Silva

A ausência de stock na prateleira de uma loja é uma problemática recorrente no retalho físico. É também matéria cientificamente estudada desde há imensos anos. Na vasta literatura existente, estima-se que desde meados de 1965 não só se começaram a explorar e identificar as razões para este perturbador fenómeno, como também a procurar mecanismos eficazes para a maximização da taxa de disponibilidade do produto na prateleira.
Nos dias atuais, nomeadamente no retalho alimentar, o número de produtos envolvidos é extremamente elevado. Este número tende a crescer nos anos vindouros. Segundo a organização FMI (<>), em 2020, em média, cada retalhista teria aproximadamente 32000 produtos por loja. Este número crescente de produtos contrasta com o limitado espaço de prateleira e loja. Se, por um lado, estes factos exigem uma constante otimização do espaço e correta alocação de produtos, por outro torna-se impraticável garantir a constante monitorização de todos eles durante o dia. Ainda que se procure fazê-lo manualmente, em produtos e categorias de alta rotatividade, e as tecnologias de inovação procurem também auxiliar nestas situações, infelizmente ainda não se conseguiu encontrar uma solução eficaz e de baixo custo para as lojas já existentes.

Hoje, para meu descontentamento, deparei-me exatamente com uma situação relacionada com a indisponibilidade de um produto na prateleira. Infelizmente, não consegui encontrar um colaborador que verificasse a sua disponibilidade no armazém da própria loja. Daí que tenha esquecido esse produto e tenha substituído por outro similar de marca distinta.
Depois desta visita, foco-me na criticidade deste tema. Penso não só na perspetiva do retalhista, mas também nas perspetivas do cliente e fornecedor. Questiono-me. Teria trocado o produto por outro se fosse fidelizado à marca do produto inicialmente almejado, ou simplesmente abandonaria a loja sem comprar o produto similar? De que forma eventos de ausência de stock espoletam em nós sentimentos de frustração em relação ao retalhista ou até mesmo à marca? Como evitar, minimizar e monitorizar então estes eventos?

Estas e outras perguntas refletem a complexidade desta importante temática no âmbito do retalho. Segundo diversos estudos, o fenómeno de ausência de stock é um evidente sintoma de falhas em alguns processos centrais e/ou de abastecimento, resultante de previsões incorretas da procura, compra insuficiente, distribuição ineficiente e/ou demorada. Destacam-se também ineficiências nos processos de reaprovisionamento indireto dentro da própria loja, incorreto planeamento e alocação nas prateleiras, para além da quebra desconhecida. Curiosamente, alguns autores enaltecem ainda a tecnologia, destacando a pobre qualidade de dados nos seus sistemas.
O retalho moderno necessita de uma complexa máquina na sua retaguarda, uma cadeia de abastecimento poderosa e colaborativa, para além de processos eficientes. Paralelamente, exige também uma plena atenção à qualidade dos seus sistemas informáticos, dados e respetiva informação extraída, cruciais elementos na monitorização e automação de certos processos e tomada de decisão. Note-se que consumidores e clientes fidelizados não só estão cada vez mais exigentes e atentos ao que a concorrência lhes oferece, como também a este tipo de falhas. Exigem, consequentemente, uma atenção redobrada em questões relaciona- das com disponibilidade de stock, no momento certo e nas quantidades esperadas, primordial fator na geração de tráfego e positivas experiências na loja.

*com JMS

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