O Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento comemora-se anualmente a 21 de maio, uma iniciativa que celebra a riqueza das culturas mundiais como património comum da humanidade. A mobilidade das populações, principalmente para as cidades, tem aumentado significativamente a coabitação de diferentes modos de vida e isso tanto traz oportunidades como desafios de gestão, de habitação, de espaços, de empregos e de identidades. De um modo geral podemos afirmar que a riqueza cultural das migrações está no impacto positivo e na diversidade que introduz no território, enriquecendo o tecido social e cultural da comunidade de acolhimento através da troca de culturas, tradições, conhecimentos e experiências.
Hoje, em Braga, é possível encontrar pessoas de muitas nacionalidades, de diferentes culturas e religiões, que trouxeram consigo uma bagagem repleta de distintos hábitos e costumes. Procuram casas, empregos, escolas para os filhos, mas também aceitação social e cultural com respeito pelas suas diferenças. Por esta razão, a presença de alunos imigrantes nas escolas tem vindo a assumir uma dimensão cada vez maior. Mas a escolarização e a integração destas crianças tem apresentado algumas dificuldades e colocado questões diversas às escolas de acolhimento. De um modo geral, estes alunos evidenciam isolamento e solidão pelo desenraizamento; sentem-se em terra desconhecida onde não têm amigos nem familiares próximos; veem-se envolvidos numa grande odisseia pessoal e familiar e embatem-se com valores, regras, leis, usos, costumes e hábitos muito distintos dos seus. Da parte das famílias há dificuldades de comunicação quando não dominam a língua portuguesa; nota-se falta de conhecimento sobre os direitos e deveres no acesso ao sistema de ensino; pouco ou nada sabem sobre a organização dos ciclos de ensino e respetivos planos de estudo; revelam falta de confiança sobre o apoio prestado aos filhos durante o percurso escolar. Da parte da escola, há dificuldade de comunicação com algumas famílias por desconhecimento da língua dos países de origem; há falta de contacto com as famílias que não se deslocam à escola; há dificuldade em encontrar respostas adequadas à diversidade de alunos, no plano curricular; há falta de pessoal docente com competências específicas para o ensino da língua portuguesa a alunos de origens diversas; não há oferta de formação dos docentes para gerir turmas com alunos de origens diversas e diferentes níveis de proficiência linguística. É urgente apostar numa política de formação inicial de professores que inclua no plano de estudos o ensino da língua portuguesa para estrangeiros e de programas de formação contínua (para docentes e não docentes) que introduzam a educação intercultural e a educação para a diversidade. A escola, ao acolher imigrantes, promove a inclusão social, a tolerância, a empatia e a compreensão entre diferentes culturas, enriquecendo o ambiente escolar e a comunidade. Mas é fundamental implicar todas as estruturas nacionais e locais numa intervenção positiva de valorização pessoal e coletiva da diversidade.
As respostas a esta problemática exigem novas dinâmicas sociais que mobilizem os responsáveis pelas políticas públicas educativas de modo a assegurar a oferta de serviços educativos inclusivos e o suporte necessário para que os imigrantes e seus filhos possam prosperar no sistema educativo e na sociedade em geral.
É urgente criar condições para que se possa celebrar com dignidade o Dia Mundial da Diversidade Cultural e reconhecer o impacto social positivo das diversas culturas existentes no mundo e o seu papel no diálogo contínuo para alcançar a paz, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável.