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162 segundos aberrativos...

Carta de Baden-Powell aos Pais1

162 segundos aberrativos...

Ideias

2024-12-04 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

Ou 162 segundos de encantamento, se preferirmos reter a banda sonora.
Curto filme publicitário que me trespassa. De início fico sem chão nem tecto, porque me custa perceber que eu esteja a perceber aquilo que realmente estou a ver e a perceber, isto é, um filme publicitário pró-islâmico, ancorado no logótipo da MEO.
O quê, a MEO humaniza-me, insinuando que eu seja um calhordas, logo que um hijab me cause comichão nos olhos e me assalte as entranhas até ao vómito? Que n?o aconteça aqui, mas quem encomendou a peça, quem a pagou, quem validou o guião, quem filmou, quem, por último, a escarrapachou nos ecrãs, não saberá que pelo véu se agridem professores e directores de escola em França, que pelo véu se mata com requintes de degolação e decapitação? Mas estão a gozar com quem?
Mais: conquanto não conte para nada, que validasse eu o uso quotidiano e civil do hijab, porque em são convívio seguíssemos lado a lado, cristãos e muçulmanos, ateus e agnósticos, budistas, hindus, taoistas e o diabo a quatro! Ora, o hijab, quanto eu esteja informado, é prescritível logo que a catraia se torna senhorinha, logo que o corpo infantil adquire as conformações de mulher, com o que isso incendeia o fiel explosivo dos ditames de Mafoma. Ora não é o caso! A mocinha ainda brinca com a casinha das bonecas, ainda cola o nariz aos vidros por careta, mas, no convite de aniversário, a família – ou imã da mesquita que frequentam, ou a secção sectária em que fazem vida social – sexualiza já a pequena e voluptuosos são já os seus cabelos. E isto não é demais? E isto não é aberrante?
Filme do mais puro woke-istão. Filme premiado por quem cospe em cima de berço alheio, ou berço próprio, porque há sempre quem desmereça o céu que o viu nascer, porque há sempre quem se apronte a levantar minaretes, depois de haver pulverizado campanários a camartelo.
Filme de um simplismo cavernícola, porque o pai da ruivinha esteja sempre mal, porque a mãe da moreninha esteja sempre bem, até na reunião de encarregados de educação, em que ocupam o lugar das respectivas filhas, sorrindo-lhe ela, arrepiando-se ele constrangido. Mas quem é que engole a patranha de uma carinha de riso para o lado, para um homem que não o amo, de uma mulher islâmica?
Filme de um masoquismo de cilício, porque a família da ruivinha esteja sempre mal, ou não falhem a festa de natal da escola, filmada pela família presente da moreninha, a única que fica, como que para acolher o casal retardatário.
Filme deles, os bons, de nós, os fracos, porque a ruivinha troque os pés, antes de correr para o pai, porque a ruivinha, de salto alto da mamã, e de lenço à cabeça, como a mamã da coleguinha, se fantasie sob a égide do crescente islâmico, que se promove em nome do progressismo europeu.
Filme de um ridículo obtuso, como se o Natal, pela ressonância cristã, não suscitasse o repúdio dos sectores muçulmanos atreitos ao rigorismo – vide o triste estado das liberdades femininas –, repúdio que de nossa parte subscrevemos sem amargos de boca, o que fica patente na iluminação pública da quadra em França, por Paris, Rennes, Nantes, Grenoble, onde palavrinha tão religioso-depen- dente não nos vem ao olhar.
Cansa que em nome de humanismos de bolas de sabão se faça a apologia de quem tão combativamente se entrincheira em valores caricaturais próprios. Cansam os tapetes de boas-vindas a uma cultura que não se proíbe de enjaular Boualem Sansal – para que conste, um escritor franco-argelino – por delirante crime de traição. Em suma, o hijab é o ponto visível do islamismo e, quem o nega, ou é um néscio acabado, ou está comprometido e bem pago.

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