Um ano de comemorações do universo camiliano
2018-10-22 às 06h00
Câmara de Braga e associações de imigrantes realizaram a iniciativa ‘Celebrando a Interculturalidade’. Cultura, gastronomia e desporto revelaram dinâmica dos estrangeiros que escolheram a cidade para viver
“Braga é naturalmente acolhedora”. A brasileira Alexandra Gomide, presidente da Associação de União, Apoio e Integração (UAI), uma das entidades parceiras da iniciativa ‘Celebrando a Interculturalidade’, que decorreu este fim-de-semana, justifica, desta forma, o que leva muitos cidadãos estrangeiros a procurarem a cidade para viver.
A quarta edição de ‘Celebrando a Interculturalidade’, iniciativa do Gabinete de Acção Social da Câmara Municipal de Braga, com forte adesão à mostra gastronómica ‘Sabores do Mundo’, ao torneio de futebol de praia e aos workshops de danças africanas e brasileiras, deu expressão ao crescimento da comunidade imigrante na cidade nos últimos anos.
A comunidade imigrante brasileira é a mais expressiva no concelho de Braga e Alexandra Gomide acredita que há muitos conterrâneos seus “com tudo programado para virem para Braga em 2019, 2020 e 2021”, muitos deles à espera da evolução político-social no seu país.
Firmino Marques, vice-presidente da Câmara Municipal com o pelouro da Acção Social, entende que a procura de Braga por cidadãos estrangeiros resulta, em grande parte, “do reconhecimento da qualidade do ensino”, nomeadamente o minis- trado na Universidade do Minho e na Universidade Católica Portuguesa, constituindo também o Laboratório Ibérico Interna-cional de Nanotecnologia (INL) um elemento de atracção de imigrantes.
“Hoje assiste-se a outro tipo de imigração”, reconhece o vereador, que regista igualmente a chegada de muitos empreendedores estrangeiros.
A presidente da UAI, associação criada há cerca de dois anos e meio, precisa que os imigrantes brasileiros que chegam a agora a Braga são sobretudo aposentados e empreendedores que procuram “qualidade de vida e segurança”.
Socorrendo-se de dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Firmino Marques realça que Braga acolhe cidadãos de 131 nacionalidades.
No concelho residem actualmente, devidamente legalizados, 57 cidadãos do Senegal, entre eles Saidatina Dias, presidente da Associação de Imigrantes Senegaleses em Portugal, educadora de infância de formação a exercer actividade de relações públicas.
Tal como a brasileira Alexandra, a senegalesa destaca a hospitalidade que sentiu quando chegou a Braga “há quase 20 anos”, após ter casado com um português.
“Sou daquelas pessoas que dizem que é muito bom viver en Braga”, declarou-nos Saidatina, também ela envolvida na iniciativa ‘Celebrando a Interculturalidade’.
Custos da habitação afastam imigrantes para outros concelhos
“O ponto mais difícil da integração dos imigrantes em Braga são as moradias”, confessa Alexandra Gomide, que dá conta das dificuldades que compatriotas seus começam a sentir para encontrarem casa no concelho. “Já há brasileiros à procura de casa em torno de Braga: Amares, Vila Verde, Prado e Famalicão”, declarou a presidente da UAI ao Correio do Minho, alertando para a escassez de habitações para arrendar ou comprar.
A procura crescente de Braga como local para viver por parte de muitos cidadãos estrangeiros, sobretudo brasileiros, é um dos factores que contribuiu para a subida dos preços no mercado imobiliário.
“Quando cheguei, em 2016, aluguei um apartamento T3 por 300 euros. Hoje, não se arrenda por menos de 600”, constata a presidente da UAI.
Já a presidente da Associação de Imigrantes Senegaleses em Portugal, também com sede em Braga, aponta a complexidade dos processos de legalização como preocupação dos compatriotas que chegam a Portugal, apesar da relativa “abertura” relativamente a outros países. De qualquer das formas, Saidatina Dias reclama “mais agilidade nos processos de legalização dos imigrantes”.
19 Março 2024
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