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Globalização comprou as elites e alienou o povo

Entrevistas

2019-06-01 às 06h00

Rui Alberto Sequeira Rui Alberto Sequeira

Manuel Monteiro esteve em Braga antes das eleições europeias, a convite da Concelhia do CDS para falar dos efeitos da globalização. O antigo líder centrista entrevistado na Antena Minho e no Correio do Minho, comentou o momento político, antecipou a questão europeia, e sublinhou que está de bem com o partido, apesar de sentir reservas das cúpulas do CDS, quanto à sua refiliação.

Citação

P – Disse recentemente que a sua relação com CDS estava resolvida no coração e na razão. Esse estado de espírito para com o partido que já liderou e do qual saiu pressupõe um regresso à condição de militante activo?
R – Eu penso que podemos ter uma militância activa sem que isso implique forçosamente a inscrição formal partidária. Esse tipo de militância, de intervenção para participar em conferências, em sessões de esclarecimento, em debates, durante muito tempo eu não o fiz, mas entendo que devo fazer. Devo fazer porque já passei por várias fases - eu já me abstive de votar e hoje compreendo quem o não faz, ao contrário do que sucedia no passado. Reconheço que a perspectiva de crítico de sofá, que não dá um contributo e um testemunho em relação ao que considera estar errado, leva-me a ter uma obrigação perante mim próprio e a entender que devo dizer; presente. Saber se a partir desta análise vai existir uma nova filiação no CDS/PP confesso que não sei.

P – Existem ainda muitas dúvidas?
R – Sem qualquer subterfugio mental há momentos em que me apetece imenso filiar-me, mas existem outros momentos em que me interrogo sobre se o meu contributo e as ideias que possa ter serão tão bem aproveitadas se estiver imediatamente conotado ou filiado num partido. Conotado com o CDS, estou, isso é obvio para mim.

P – O Partido da Nova Democracia (PND) que fundou depois de se desfiliar do CDS/PP, surgiu antes do tempo?
R - Eu tive sempre o condão – o que não é bom em termos políticos – de ter uma certa antecipação ao que ia acontecer. Uma das lições que eu tive de ciência política foi de um senhor, condutor de táxi, que me disse que quando eu estava na vida política, para ele, eu era um chato, estava sempre a antecipar problemas com uma perspectiva negativa. “Hoje, percebo que o senhor tinha razão”, diz-me por fim.

P – Formou o PND em 2003, têm surgido recentemente na Europa movimentos políticos que têm uma visão diferente dos partidos tradicionais. Se fosse hoje a Nova Democracia teria uma aceitação diferente
R – Sinceramente não sei, mas a conjuntura nunca é indiferente à afirmação dos projectos. Quando eu e outras pessoas decidimos sair do CDS foi por uma razão ideológica que se prendia com a questão europeia. Com toda a legitimidade o CDS/PP liderado pelo Dr. Paulo Portas entendeu alterar o posicionamento que o partido tinha quando eu era líder. No plano europeu tínhamos sido expulsos do PPE estávamos no grupo “gaulista conservador” e o Dr. Portas entendeu que tinha de reposicionar do ponto de vista europeu, o CDS/PP, tendo como objetivo criar condições no futuro, para uma coligação com o PSD. Eu entendi nessa altura que existia um espaço livre para afirmar as ideias que o CDS tinha defendido sobre a Europa, uma postura soberanista, não anti União Europeia. A Nova Democracia surge nesse contexto e não se afirmou porque passou a ser considerada para efeitos de debate nos meios de comunicação social, um pequeno parti-do, arredado da discussão de ideias com as formações políticas de maior expressão.

P - Numa outra entrevista há alguns meses, o Dr. Manuel Monteiro admitia a possibilidade de se refiliar no CDS.
R - Admitia e continuo a admitir. Eu estou de bem com o CDS, confesso que ainda não sei - totalmente - se o CDS está de bem comigo. Para mim esta é uma questão importante.

P - Quer ser aceite pelo CDS?
R - Eu não me quero impor. Eu fico muito contente por ser convidado por dirigentes do partido para participar em iniciativas como foi o caso da Concelhia de Braga do CDS ou da Distrital do Porto entre muitas outras. Por aí, acho que se está a fazer um caminho de aproximação. Acho também, com toda a sinceridade, que existe uma desconfiança imensa, a nível de certas cúpulas nacionais do CDS.

P - A presidente do partido, Assunção Cristas manifestou publicamente alguma reserva na sua refiliação.
R - Sim. Isso surge na sequência de uma entrevista que dei à SIC. Eu tenho que fazer uma ponderação clara da situação. Eu já fui tudo o que poderia ter sido na vida política, num partido como o CDS. Habituei-me desde os 13 anos de idade, quando ingressei na Juventude Centrista, a ter uma determinada matriz e uma identidade cultural, na ideia e desculpem a expressão, “de que ser CDS, não é para todos”. Quem passou pelas vivências do partido, quem resistiu, afirmou valores, princípios e considerou que os lugares por muito importantes que fossem, não podem ser mais importantes que esses princípios e valores de que falei - características que hoje faltam a muita gente na vida política e está a contribuir para que os cidadãos se afastem velozmente da política porque acham que os políticos são todos iguais e quando chegam ao poder o que defenderam e disseram vai para o cano de esgoto - e portanto eu nunca tive essa perspectiva. Eu tenho ambições, mas são outro género de ambições. Eu não corro para ter um cargo ou um lugar.

P - O que é que o motiva a reingressar no CDS?
R - Acredito que posso dar um contributo não só aos ideais que o partido continua a ter, a outros que vão surgindo fruto das alterações no mundo, mas também porque sinto que há gente com imenso valor no CDS e que só algumas pessoas mais distraídas é que podem não entender o valor imenso, humano, que existe dentro do partido.

P - Essas reservas em relação a si, que admite existir de algumas cúpulas do CDS, podem ter a ver com o receio de voltar a assumir um maior protagonismo no futuro do partido?
R - Admito que sim! Admito que exista esse receio. Admito que quem está na liderança e que se quer afirmar possa desconfiar dessa perspetiva. Depois há sempre os que dizem: “cuidado, ele saiu do CDS e fez um partido contra o CDS”; na verdade não foi contra o CDS foi para afirmação de determinadas ideias. Eu viajo muito de comboio entre Porto e Lisboa e as pessoas identificam-me como ainda sendo do CDS.

P - Teve sempre muita proximidade política com o distrito de Braga e recentemente a propósito da sua refiliação no CDS disse que uma decisão passaria por uma auscultação de pessoas no distrito.
R - Foi verdade. Fiz isso. Ouvi pessoas que me acompanharam, que sempre respeitei e jamais tomaria uma atitude sem lhes dar uma palavra.

P - E essas opiniões que recolheu foi no sentido de o incentivarem a regressar ao CDS?
R - Há pessoas que me dizem não faça isso, a política hoje é diferente. Outras dizem-me para fazer aquilo em que acredito e se entendo que posso dar um contributo dizem para me refiliar. Houve também quem me alertasse para o caso da minha refiliação ser recusada com o argumento de que eu saí, que tinha feito campanha contra o CDS e que uma recusa seria uma maçada para mim. Eu confesso que não estava à espera dessa possibilidade e creio que seria uma tontice se isso sucedesse. Acho que ninguém ganharia nada com a situação.

P - No seu eventual regresso ao CDS não haverá a tentação de chegar à liderança do partido, de liderar alguma tendência dentro do CDS?
R - Não regressaria ao CDS para ser chefe de fila. Isso não faz sentido.

P - Mas regressaria para ser militante de base ou é difícil não aspirar a mais no partido.
R - Eu fui presidente do CDS, isso é um facto.

P - Nunca será um militante de base.
R - Não. Perdoem-me a imodéstia, mas as coisas são o que são e eu fui presidente do partido. Eu não tenho qualquer intenção em regressar e ser aquilo que fui no partido. Um dia Marcelo Rebelo de Sousa disse “nem que Cristo desça à Terra, serei presidente do PSD ou candidato” e Cristo desceu á Terra. Portanto nós devemos ter sempre a consciência que muitas vezes quando falamos de mais, “mordemos a língua”. Modéstia á parte, quer na Juventude Centrista, quer no CDS eu e os que me acompanharam, mais os militantes, fizemos muito por uma ideia diferente de política em Portugal. Antes de tempo fui acusado de populista. Há algo que o CDS teve e ainda conserva de muito bom, foi um partido que procurou interpretar a consciência nacional e os problemas reais dos agricultores, dos pescadores, da pequena e média empresa. Quando chego a presidente do CDS existia a ideia de que era o partido dos ricos, dos fachos ou dos padres. Essa visão constrangia-me e daí ter adoptado a expressão Partido Popular para mostrar que se pode ser de direita, conservador, mas sendo popular.

P – Quando esteve na liderança do CDS colaram-no à imagem de um político populista. Passados alguns anos estamos hoje a falar num contexto de eleições para o Parlamento Europeu (PE), como é que assiste agora á emergência de movimentos de facto populistas xenófobos?
R – Com muita preocupação. Acho que estes movimentos tendem a crescer se a estratégia fora apenas de os combater e não combater as causas que levam ao seu aparecimento. As pessoas não estão a ouvir o barulho ensurdecedor da abstenção, a abstenção não é silenciosa.

P – Não é sinónimo de desinteresse?
R – É um sinónimo de descontentamento profundo, em relação á forma como a política se fechou em si própria. A abstenção faz barulho ainda que queiramos pensar que é silenciosa. Reparem, onde é que as forças mais extremistas de direita por essa Europa foram têm votos? Em países onde antigamente se votava á esquerda. Quem vive no ar condicionado, quem vive em condomínios fechados, quem não anda de transportes públicos em linhas problemáticas, não tem a noção do que são os problemas de segurança, de insegurança, de desemprego. A globalização que nós temos é uma globalização que comprou as elites e deixou de lado o povo mais simples. E como é que o povo mais simples vai sendo alienado – com o novo “ópio do povo” – com os cartões de crédito e de consumo. As pessoas têm cartões para tudo e criou-se a ideia de que elas são proprietárias. Ora elas não são proprietárias de coisa alguma, são apenas arrendatários a prazo. Em alguns casos com sucesso e em muitos outros com insucesso. Não é apenas o estado que está endividado, são também as famílias. Há hoje classes que outrora eram respeitadas como por exemplo os professores, que, são hoje, os novos proletários do país. Há classes profissionais dignas, que outrora eram respeitadas, mas que são hoje os novos proletários. Eu sou de direita, bati-me pela iniciativa privada, acredito na propriedade privada…

P – Mas está contra os cartões de crédito.
R – Não. Eu estou contra os cartões de crédito quando aquilo que se empresta é muitas e muitas vezes superior á capacidade real do cidadão pagar. A direita tem de saber dizer se é justo manter um sistema em que a proporção salarial na mesma empresa, entre o salário mais alto e o mais baixo, é brutal.

P – A direita não tem esse discurso.
R – Mas tem de ter. Do meu ponto de vista tem de ter porque a justiça social não é um património da esquerda. Uma vez perguntaram a Henry Ford o que era para ele o salário justo de um trabalhador da sua empresa e ele respondeu: “aquele que permite ao trabalhador comprar o carro que fabrica”. Um empresário a quem eu “tiro o chapéu”.

P – As questões europeias marcaram muito da sua liderança no CDS e forma inclusivamente motivos que também contribuíram para também se afastar do partido. Nestas eleições para o PE como é que vê a mensagem do partido? * ndr (entrevista realizada antes das eleições)
R – Tive oportunidade de dizer que o meu voto seria em Nuno Melo. Eu vejo bem o discurso do CDS nomeadamente aquele que afirma a perspectiva de uma Europa das Nações. Penso que a diluição do poder do estado é negativa para a própria União Europeia (UE). A UE arrisca-se a perder muitíssimo com a progressão contínua da diluição e da fragilidade do poder do estado e dos parlamentos nacionais, infelizmente tenho pena que esse discurso que o Dr. Nuno Melo protagonizou, não tivesse tido mais enfase devido á “nacionalização” das eleições europeia, algo que considero extraordinário, e pela armadilha inteligente que o meu amigo António Costa - colega de liceu durante muitos anos – lançou nas eleições e que levou os partidos a reboque. O primeiro-ministro disse que as eleições para o PE eram uma forma de dar uma moção de confiança ao governo e um cartão vermelho á oposição.

P – Na sua opinião porque é que o primeiro-ministro fez essa “nacionalização” do acto eleitoral para o PE?
R- Por duas razões: a primeira é que quanto maior fosse a afirmação das suas ideias europeias, maior era a clivagem com o BE e com o PCP e vinha ao de cimo essa diferenciação de posições. A segunda razão - e cá estaremos para ver, porque pode não o conseguir – mas António Costa quer ser presidente do Conselho Europeu. Muita da actividade recente do primeiro-ministro tem sido mais no contexto europeu do que em Portugal e também não são por acaso os rasgados elogios a Mácron e ao seu partido. Há uma estratégia que pode não passar pela Comissão, mas pelo Conselho Europeu. Nós estamos a ter esta entrevista antes das eleições, não sabemos os resultados, mas António Costa sabe quase de certeza que a próxima Comissão Europeia vai ter de sair de um acordo entre os socialistas europeus e os populares europeus, ou seja, vai ter de se fazer um bloco central na UE porque nem o PSE nem o PPE terão os votos, sozinhos, suficientes para dar uma Comissão Europeia. Nós não discutimos o euro, se o euro devia ser reformulado em termos de cotação, não se discutiu verdadeiramente a questão fiscal europeia, não discutimos as consequências do ‘Brexit’ e não discutimos algo muito importante. Se a abstenção se mantém faz sentido os deputados europeus continuarem a ser eleitos pelo povo? Porque não serem designados pelos parlamentos nacionais como aconteceu no início. Diz-se que a democracia é o governo da maioria. Se repararem, nas eleições para o PE quem manda é a maioria da minoria.

P – Considera estar em causa a legitimidade dos eurodeputados?
R – Cada vez mais.

P – Mas esse pensamento colocado em prática não vai afastar ainda mais os cidadãos da Europa, não vai provocar ainda mais desinteresse?
R – Penso que não. Creio que iria colocar ainda maior exigência no parlamento nacional que passaria a ter um papel muito mais activo junto das políticas que são seguidas ao nível do PE. Esta ideia eventualmente está errada e é inadmissível para quem quer ter um governo europeu e um Parlamento Europeu. Agora há um aspecto que tem de ser pensado, mandato após mandato mais de 60% das pessoas em Portugal e na esmagadora maioria dos países da Europa não vota. Se não votam é por algum motivo. Nós não podemos ignorar essa ausência de participação dos cidadãos. Essa ideia de que os cidadãos só são inteligentes se votarem de acordo com as elites e quando votam contra estão pouco esclarecidos e são todos burros, não pode continuar.

P – Na sua opinião houve um certo cinismo da parte do PS ao não querer discutir as questões europeias e ter colocado o foco na política nacional?
R – Foi uma armadilha política que também interessou ao BE e ao PCP. Faz sentido que órgãos que mandam cada vez mais na nossa vida não sejam discutidos? O PSD que tem em matéria de política europeia as mesmas ideias que o PS, discute o quê? Quem dá mais ou menos fundos, discute qual é o melhor gestor para o “condomínio”. É importante, mas a política não é só isso. Quando eu reduzo a política apenas à questão técnica …

P – É isso que tem acontecido com o debate europeu?
R – Retirou-se sal à política, retirou-se tempero à política. A política, hoje, é algo insonso. Hoje discute-se tecnocracia que foi uma coisa inventada pelo Professor Cavaco Silva. Eu sou favorável ás contas certas, mas a política não é só isso.

P – Como é que observa a solução governativa que surgiu em Portugal com a denominada “geringonça”?
R – Funcionou. Isso é inquestionável.

P – Foi uma surpresa?
R – Contrariou aquilo que era o costume institucional .É evidente que choca as pessoas que aquele que ganha não leve a taça (risos).Na minha opinião houve contudo, algo que foi positivo, até acontecer esta solução governativa a maioria das pessoas diziam: “estas eleições são para o governo, são para eleger o primeiro-ministro” e perceberam agora que não são eleições para o governo, são eleições para a Assembleia da República.

P – Vai ter consequências em próximos actos eleitorais?
R – Penso que sim. As pessoas começaram a ter consciência que quem vencer as eleições pode não governar. A situação dos professores não correu bem ao PSD e ao CDS, agora resta saber se vai haver um benefício imediato do Partido Socialista. O PS diz que não tem dinheiro para os professores, mas teve para os passes sociais em Lisboa e Porto. Há prioridades. A minha mãe, que vive em Lisboa, dizia-me que já podia ir com o passe social passear a Cascais e a Sintra.

P – A questão é saber se para o governo valem mais os votos dos professores, se dos utilizadores dos passes sociais.
R – Para o primeiro-ministro contaram os utilizadores dos passes porque ele sabe que o período de vida dessas pessoas é mais curto, infelizmente. Isto foi tudo inteligentemente pensado.

P – Esta entrevista acontece no âmbito de uma vinda a Braga, a convite do CDS bracarense, para falar dos efeitos políticos da globalização.
R – Vim a convite do Eng. Altino Bessa vereador do CDS na Câmara de Braga, presidente da Concelhia do partido e senti-me muito agradado pelo seu convite. A propósito do tema da conferencia, dizer que existem hoje situações novas com a globalização, que para mim é uma ideologia sem filosofia. É uma ideologia apoiada na óptica do consumo e essa exclusividade da óptica do consumo pode conduzir a perversões na sustentabilidade das democracias. Penso que devemos deixar de andar atrás da informação e procurar ponderar, pensar, reflectir para agir. “O fim da história”, tal qual a conhecíamos, não se deu - como escrevia Francis Fukuyama - com a queda do muro de Berlim, deu-se com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio. Eu penso que vai ter reflexos na sustentabilidade das democracias ocidentais.

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