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Braga e Santiago de Compostela procuram afirmação internacional

Entrevistas

2019-10-05 às 06h00

José Paulo Silva José Paulo Silva

Ricardo Rio e Xosé Sánchez Bugallo querem criar entre Braga e Santiago de Compostela um eixo de inovação à escala internacional com capacidade de disseminar investimento. Propósito assumido em vésperas de celebração de um acordo de geminação entre as duas cidades.

Citação

Braga e Santiago de Compostela são cidades que se estão a afirmar, à escala internacional, como pólos de inovação muito especializados em áreas como a Biotecnologia, Ciências da Saúde, Nanotecnologia, Tecnologias da Informação ou Electrónica.
O cenário é apresentado pelo presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, e pelo alcaide de Santiago de Compostela Xosé Sánchez Bugallo, que conferenciaram esta semana para reforçar uma ligação entre os dois municípios que pode resultar num “eixo com muita mais visibilidade internacional, mas também com capacidade de disseminar investimento por toda a euroregião do Norte de Portugal e Galiza”.

Ricardo Rio entende que Braga e Santiago de Compostela possuem “uma massa crítica de produção de conhecimento e de inovação nas empresas e, com isso, potencial de “atracção de investimento muito significativo”.
Xosé Sánchez Bugallo, que há dias assumiu o compromisso de concretizar um acordo de geminação com Braga, destacou “a responsabilidade de oferecer um futuro às novas gerações dentro das nossas cidades”. A par de Ricardo Rio, numa entrevista transmitida pela Rádio Vigo, Tele Vigo e Rádio Antena Minho, o alcaide de Santiago de Compostela defendeu que existe matéria-prima para cumprir esse desiderato.

“O grande objectivo é sermos capazes de ampliar a base económica da cidade e de oferecer um futuro aos jovens, que todo o capital de conhecimento que temos seja convertido em empresas e actividade económica”, declarou na entrevista conduzida por Jacobo Buceta no Theatro Circo, no âmbito da visita de Xosé Sánchez Bugallo a Braga com o propósito de estabelecer novas linhas de cooperação com a Câmara Municipal. Nesse encontro identificaram-se linhas de colaboração em áreas como o turismo e a cultura, bem como no apoio ao desenvolvimento de empresas vinculadas à biotecnologia, biomedicina ou nanotecnologia.

Na Câmara Municipal de Braga, Sánchez Bugallo confessou- -se particularmente interessado em processos que a autarquia tem desenvolvido no capítulo da informação aos cidadãos. Ricardo Rio antevê “perspectivas extremamente positivas que podemos ter para o futuro enquanto cidades também jovens e ligadas à inovação, cidades com muitas oportunidades a explorar que serão melhor aproveitadas se fizermos em conjunto o que estamos a fazer em Braga na área económica e na ligação entre os centros de investigação”.

Neste particular, o edil bracarense apresentou o Instituto Ibérico Internacional de Nanotecnologoa (INL) como um activo que “tem uma marca identitária das duas cidades desde a sua fundação”.
O que os autarcas de Braga e Santiago de Compostela pretendem potenciar algo que Xosé Sánchez Bugallo ouviu recentemente, com alguma surpresa, de investidores alemães. “Disseram-me que estamos mais avançadas em biomedicina e biotecnologia do que a Alemanha, que temos conhecimento, mas que não fomos capazes de o converter em indústria”, confessou o alcaide na entrevista conjunta com Ricardo Rio, um encontro que teve o envolvimento institucional da associação de cidades Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organismo que Braga e Santiago de Compostela relevam como voz da euroregião.

Braga é, cada vez mais, parte integrante do Caminho de Santiago

“A cidade de Braga tem-se posicionado no sentido de ser, cada vez mais, parte integrante do Caminho de Santiago de Compostela”, assume o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Rio, defendendo que a Entidade Regional de Turismo Porto e Norte e o próprio Turismo de Portugal “têm de olhar para este activo com muita atenção”.
Na entrevista ao programa ‘Hoy por Hoy’, da TeleVigo, e na rádio Antena Minho o edil bracarense abordou, com o seu congénere de Santiago de Compostela, as perspectivas de desenvolvimento daquele itinerário cultural até ao próximo Ano Santo, em 2021, celebração que deve atrair à capital galega cerca de 10 milhões de pessoas.

“Hoje temos cada vez mais pessoas, peregrinos ou não, que fazem o Caminho. Chegam a Portugal pelo aeroporto do Porto e optam, depois, por uma das vias que ligam a Santiago de Compostela. Muitos começam o Caminho na Sé Catedral de Braga, algo que temos vindo a potenciar em diversos contextos, criando condições de acolhimento e de infraestruturação do Caminho”, declarou Ricardo Rio, destacando que a Câmara Municipal tem vindo a “investir imenso, ao longo dos últimos anos, na sinalização e nas infra-estruturas de apoio, em colaboração com as associações que promovem o Caminho”.
O presidente da Câmara Municipal de Braga e o alcaide de Santiago de Compostela apostam no reforço da relação institucional para uma acção conjunta em termos da promoção do Caminho de Santiago e do próximo Ano Santo, tanto mais que os itinerários do Caminho Português são os que mais têm crescido nos últimos anos.

“Vemos com enorme satisfação o crescimento do Caminho de Santiago em Portugal, desde o Algarve ao Norte”, confessa Xosé Sánchez Bugallo, relevando o facto de os itinerários que atravessam o Norte de Portugal contarem com uma procura significativa de caminhantes de origens tão distantes como Taiwan, Coreia do Sul ou Japão.
“Recentemente, arrancou uma ligação área Porto-Toronto, sendo que 60% dos seus utilizadores vêm para fazer o Caminho de Santiago”, aponta o alcaide de Santiago de Compostela, que não tem dúvidas em afirmar que estas rotas de peregrinação em direcção à histórica cidade galega são “o fenómeno mais universal e mais estendido no tempo, porque têm 1 200 anos e uma projecção de futuro da qual não prevemos os limites”.
Tal como o presidente da Câmara Municipal de Braga o reivindica das entidades governamentais portuguesas, também Xosé Sánchez Bugallo requer apoios activos do Governo de Espanha e da Junta da Galiza para a promoção do Caminho de Santiago e, fundamentalmente, para a criação de estruturas de acolhimento aos peregrinos.

“A minha maior preocupação é como os podemos acolher”, alerta o alcaide de Santiago de Compostela, referindo que se estão a verificar “ crescimentos exponenciais de dois dígitos num Caminho que funciona há 1 200 anos, o que é absolutamente surpreendente”.
Xosé Sánchez Bugallo admitiu, assim, “a preocupação de morrer do êxito”, adiantando Ricardo Rio que “não morrer do êxito é um grande desafio” que se apresentam às duas cidades com ligações históricas ancestrais.
“Não nos podemos conformar em ser cidades para desfrute dos turistas, temos de ser cidades activas e vivas, cidades completas”, defende o alcaide de Santiago.

Ricardo Rio sustenta que “por vezes, o sucesso demasiado rápido pode pôr em risco os próprios factores que nos levaram ao sucesso”, pelo que Braga e Santiago de Compostela não querem seguir o rumo de outras cidades onde “a descaracterização dos centros históricos” as transformou “em parques temáticos para turistas”. Segundo o presidente da Câmara Municipal, em Braga e Santiago “há a preocupação de manter a autenticidade e os activos das cidades.


“Não nos podemos conformar em ser apenas uma cidade turística, que depende em exclusivo da vertente religiosa do Caminho de Santiago”, insiste o alcaide.
“Temos de, orgulhosamente, assumir a responsabilidade que a Associação Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular teve na liderança do processo de potenciação do Caminho de Santiago junto do Governo português, mobilizando todas as cidades por onde passa esse itinerário”, afirmou Ricardo Rio na entrevista conjunta com o alcaide de Santiago de Compostela.

O edil bracarense adiantou que “nas reuniões com a Xunta da Galiza, com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e com o Governo português conseguimos fazer vingar a ideia de que é muito importante que Portugal promova a acreditação do Caminho”, criando uma estrutura de gestão do itinerário, à semelhança daquela que já existe na Galiza.
Se a plataforma institucional em Poetigal “não tem a dimensão do Xacobeo” galego, já consegue “congregar os esforços de todas as cidades” por onde passam os peregrinos de Santiago de Compostela.
E se “a cobertura institucional do Governo” para este trabalho já existe, têm de ser concretizado, a prazo, “financiamento e apoios específicos das estruturas regionais”.

A importância do Caminho de Santiago não é apenas turística e religiosa. Xosé Sánchez Bugallo releva, nesta entrevista, que “existem dezenas de núcleos populacionais da Galiza, sobretudo da Galiza interior, cujo principal elemento de dinamização económica é o Caminho de Santiago”.
Segundo o autarca galego, “eram núcleos condenados a desaparecer se não fosse o Caminho de Santiago”, um facto que “é um facto muitas vezes esquecido”.
Com novo Ano Santo a chegar, Braga e Santiago de Compostela anunciam reforço da cooperação institucional com reflexos onde o Caminho se afirma como eixo fundamental.



Autarcas anseiam por ligação competitiva de comboio

Uma ligação ferroviária competitiva entre Corunha e Lisboa é visto pelo alcaide de Santiago de Compostela e pelo presidente da Câmara Municipal de Braga como fundamental para o desenvolvimento da euroregião Galiza-Norte de Portugal.
Este foi um dos assuntos abordados na entrevista aos dois autarcas emitida pela Rádio Antena Minho, TeleVigo e Rádio Vigo, durante a qual Xosé Sánchez Bugallo, manifestou receio de que aquela conexão ferroviária não seja uma primeira prioridade do poder político no país vizinho.
“A pressão política em Espanha é para o eixo ferroviário do Mediterrâneo. Esse é um risco que nós corremos”, reconheceu o alcaide, insistindo na necessidade de uma ligação no Eixo Atlântico com comboios que pratiquem velocidades entre os 150 e os 200 quilómetros/hora.

Numa fase mais imediata, Xosé Sánchez Bugallo propõe a melhoria da conexão Vigo-Tui-Porto, não acreditando que, antes desse investimento, a chegada de novos operadores como a Arriva possa melhorar muitas ligações ferroviárias entre o Norte de Portugal e a Galiza. “O trem não funciona se não houver vias. O que tem de se fazer é a conexão”, alega.
A melhoria das ligações ferroviárias na euroregião tem sido dossiê central da associação de cidades do Eixo Atlântico, mas o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio constata que, “infelizmente, tem sido demasiado lenta a concretização de investimentos”.

Na entrevista ao programa ‘Hoy por Hoy’ realizada no Theatro Circo, o autarca bracarense apontou que mal Pedro Nuno Santos tomou posse como sucessor de Pedro Marques no Ministério das Infraestruturas, “a primeira coisa que veio dizer é que havia imensos atrasos, que não havia projectos, que não havia capacidade de cumprir com os prazos que estavam estabelecidos” para a melhoria da ligação à vizinha Galiza.
“Esta contradição dentro do próprio Ministério das Infraestruturas deixa-nos preocupados”, admitiu Ricardo Rio, considerando que “há ainda um longo caminho a percorrer e isso deixa-nos muito apreensivos”.
Os autarcas de Braga e Santiago de Compostela prevêem que a electrificação da ligação ferroviária entre as cidades de Corunha e Lisboa seja uma realidade “mais 2021 do que em 2020”.
Ricardo Rio acredita, apesar de tudo, que “a ligação do Norte de Portugal à Europa passará mais pela Galiza do que pelo resto do país.”

Poderes centrais atrasam investimentos na região

Ricardo Rio censura o atraso sistemático de investimentos dos poderes centrais de Portugal e Espanha na euroregião do Eixo Atlântico. “Temos aqui bolsas de dinamismo e de energia económica não são devidamente apoiadas pelo Estado Central”, alega o presidente da Câmara Municipal de Braga, consciente de que uma maior atenção dos governos ibéricos podia “tornar esta euroregião muito mais competitiva”.
O edil bracarense assume que, “em Portugal e Espanha não há esse compromisso com o desenvolvimento integral e com o aproveitamento destas bolsas”.

Ricardo Rio considera “lamentável não termos em Portugal uma estrutura regional com responsabilidade política para desenvolver esse tipo de políticas, um organismo com poder para intervir no território para responder aos nossos anseios”. Sem regiões administrativas com autonomia como em Espanha - uma lacuna do nosso sistema político - “o Estado Central não está verdadeiramente comprometido com a coesão territorial, com a promoção de oportunidades para os territó- rios mais periféricos”, lamenta o presidente da Câmara Municipal de Braga, que afirma, “orgulhosamente”, que “esta região é o motor de Portugal”.

A Cultura é uma área onde os municípios de Braga e Santiago de Compostela pretendem reforçar a cooperação com a concretização de um acordo de geminação já formalizado do lado de cá e quando a cidade minhota se prepara para ser, em 2020, Capital da Cultura do Eixo Atlântico. O alcaide de Santiago de Compostela entende que a Cultura deve ser pensada como algo mais do que apenas a criação de condições para “o desfrute de uma obra de arte ou de um espectáculo de teatro”. Para além disso, “a Cultura é, hoje em dia, um valor económico fundamental”.

Xosé Sánchez Bugallo diz ser fundamental as autarquias serem capazes de criar as condições para que “os jovens que aprendem a tocar um instrumento ou uma arte dramática possam viver dessa sua vocação” .
O edil galego propõe mais investimento do poder local na gestão, programação e promoção cultural. “Temos de dar o salto para uma indústria cultural”, conclui.
“Estes são elementos que Braga e Santiago de Compostela compartilham em maior medida do que outras cidades”, constata o alcaide de Santiago, confiante que os mesmos podem ser aportados “aos nossos vizinhos e ao conjunto do Eixo Atlântico.”

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