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Xoan Mao: “Norte de Portugal e Galiza não falam o mesmo que Bruxelas”
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Xoan Mao: “Norte de Portugal e Galiza não falam o mesmo que Bruxelas”

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Xoan Mao: “Norte de Portugal e Galiza não falam o mesmo que Bruxelas”

Nacional

2017-12-05 às 06h00

Paulo Monteiro Paulo Monteiro

“Foi um encontro muito positivo”, disse Xoan Mao no final de três dias de contactos em Bruxelas com a Comissão e o Parlamento Europeu e que juntou jornalistas do Norte de Portugal e da Galiza. Para o secretário-geral do Eixo Atlântico, “muitas vezes o que se fala no país não é necessariamente o mesmo que se fala em Bruxelas. No caso galego tivemos a oportunidade de ouvir que alguém que anunciou determinadas infra-estruturas que tinha pedido a Bruxelas não correspondiam à verdade. Isto porque Bruxelas nem sequer tinha ouvido falar no assunto...”.

Citação

“Foi um encontro muito positivo”, disse Xoan Mao no final de três dias de contactos em Bruxelas com a Comissão e o Parlamento Europeu e que juntou jornalistas do Norte de Portugal e da Galiza.
Para o secretário-geral do Eixo Atlântico, “muitas vezes o que se fala no país não é necessariamente o mesmo que se fala em Bruxelas. No caso galego tivemos a oportunidade de ouvir que alguém que anunciou determinadas infra-estruturas que tinha pedido a Bruxelas não correspondiam à verdade. Isto porque Bruxelas nem sequer tinha ouvido falar no assunto...”.

Para Xoan Mao, “é importante” que os jornalistas e os meios de comunicação social tenham acesso directo a Bruxelas e sem “intermediários de Lisboa ou Madrid, nem passar por filtros de políticos que podem alterar informação”, para além de defender que é importante Bruxelas “ter contacto privilegiado para com os jornalistas, para que estes possam contar a verdade do que se passa na Europa e tudo o que tem a ver com as nossas cidades”.

As palavras foram proferidas numa conferência de imprensa exclusiva para os órgãos de comunicação social do Minho, no final de uma visita de três dias em que 22 jornalistas galegos e sete portugueses tiveram contactos privilegiados com assessores do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com deputados portugueses e espanhóis no Parlamento Europeu. Em cima da mesa, estiveram assuntos como as relações transfronteiriças, os apoios europeus, as apostas em infra-estruturas e prioridades portuárias e ferroviárias para o Norte de Portugal e Galiza, protecção civil, incêndios florestais, entre outros. Tudo assuntos da ordem do dia, para além “do convívio entre jornalistas portugueses e galegos, que é muito importante”, como fez questão de vincar Xoan Mao.

Cooperativa europeia

O Comissário Europeu da Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, o cipriota, Christos Stylianides, recebeu os jornalistas e reforçou o apelo que deve ser feito em termos de Protecção Civil na Europa e concretamente no combate aos incêndios. Voltou a falar do programa rescEU: “nenhum país pode enfrentar estes fenómenos naturais sozinho e o sistema actual (de combate a incêndios, cheias, resposta a terramotos, etc.) atingiu o seu limite”.

Recorde-se que o programa rescEU pretende preparar e precaver desastres naturais na União Europeia. Sobre o assunto, Xoan Mao recordou que “a primeira responsabilidade é dos governos e das regiões locais. Isso não vai mudar porque tem de ser assim. A Europa, com este programa vai comprar aviões, hidroaviões, helicópteros e outros meios para dar apoio aos países que o solicitem e que estiverem envolvidos nesta crise”, adiantando: “entendemos que Portugal e Espanha, na fronteira, a mais longa da Europa e a mais fustigada pelos incêndios têm que criar uma unidade central coordenadora de emergências - tipo Cooperativa Europeia - que tenha contacto com as forças militares, bombeiros, autarquias, associações, e todo o material dos dois países para que se actue com muita rapidez.

É isso que deve ser feito. É que parece um pouco caricato que se peça ajuda a Bruxelas para que enviem aviões quando se deviam pedir a Madrid ou Lisboa, já que a distância é muito mais curta.”

Presidência de Ricardo Rio no Eixo “foi extraordinária”

“A presidência de Ricardo Rio foi uma presidência extraordinária. Foi uma das melhores presidências de sempre do Eixo Atlântico”, referiu o secretário-geral, Xoan Mao na hora de fazer o balanço de dois anos de Ricardo Rio à frente dos destinos do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular. O actual autarca da Câmara Municipal de Braga pasou o testemunho, no passado dia 9 de Novembro, a Alfredo García, alcaide de O Barco de Valdeorras. Neste mesmo dia, a Comissão Executiva “fez questão de o cumprimentar e felicitar pelo seu trabalho.”, refere Xoan Mao, destacando: “o próprio presidente do Porto, Rui Moreira, quis estar presente na passagem de presidência e cumprimentar Ricardo Rio. Um gesto muito significativo”, e ainda o seu contacto: “trabalhei estreitamente com ele. Vivemos épocas de crise e nunca houve entre os dois qualquer problema, antes pelo contrário, apesar de às vezes não concordarmos com esta ou aquela estratégia. Mas tenho que dizer que é um amigo que quero muito e que foi um presidente extraordinário que deu um impulso extraordinário ao Eixo Atlântico. O seu modelo de diálogo e de bom senso foi muito importante. Foi fundamental e muito ajudou em muitos momentos de crise, nomeadamente com a CCDR-N e com a Junta da Galiza”.

Destacou ainda o facto de Ricardo Rio ainda não “fazer milagres”. É que ainda “não conseguiu com que a CCDR-N e a Junta da Galiza sejam mais operativas, nomeadamente na cooperação e no trabalho conjunto. Mas com a sua vontade de consenso impediu que tivesse existido um total rompimento entre instituições”.
Alfredo Garcia é o novo presidente: “um municipalista convicto. Muito conhecido na Galiza e apreciado pelo seu carácter dialogante. Não é por acaso que é o presidente da Associação dos Municípios da Galiza”.

Quanto aos objectivos e à estratégia a desenvolver no futuro, continuam os mesmos: “o primeiro é incrementar e desenvolver o plano da agenda urbana que foi aprovada no congresso de Braga. O segundo, continuar a gerir as propostas que foram financiadas por Bruxelas no âmbito do POCTEP (Programa Operativo Cooperación Transfronteriza España), tanto no âmbito agenda urbana, plano de acção, acções piloto, acções para o desenvolvimento na cultura, no desporto, e outras. Terceiro, continuar a fazer o ‘lobby’ no âmbito das infra-estruturas até que estejam totalmente concluídas. Só aí é que deixaremos de fazer ‘barulho’... E quarto, recordar que a Junta da Galiza e a CCDR-N terão que trabalhar melhor e ser mais dialogantes, coisa que não existe...”.

Xoan Mao vai mais longe nas críticas: “ali existem pessoas que recebem e não fazem nada. E isso é imoral. Os governos não podem ter directores gerais, vice-presidentes, dirigentes, que cobram dinheiro por não fazerem nada. Isso não pode ser, é imoral. O dinheiro vem dos impostos. Esse dinheiro é de todos nós.”. Em relação à CCDR-N acrescenta: “temos muitos problemas que a CCDR-N devia tratar, nomeadamente os Caminhos de Santiago, a mobilidade, o problema dos incêndios... Toda a gente sabe que a Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal não reúne e quando reúne é para fazer umas palestras onde ninguém aparece.”.

E explica dando exemplos: “este ano, a Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal reuniu em Braga, depois de três anos sem fazer nada, e para fazer umas palestras sem interesse, que contou com 40 pessoas e com um ministro. O Eixo Atlântico, um mês depois, fez um congresso com 400 pessoas e o primeiro ministro. Aqui temos que perguntar: porque é que o Eixo Atlântico reúne 400 pessoas e os governos regionais reúnem apenas 40? O primeiro ministro está no Eixo e o ministro na reunião Comunidade de Trabalho. Nada é por acaso...”
Para Xoan Mao, “é importante, que no mandato de Alfredo García, seja também transmitido isto à Junta da Galiza. A CCDR-N está interina... mas algum dia deixará de estar. Mas a Junta da Galiza não, porque é eleita.”

José Manuel Fernandes tem feito “trabalho 5 estrelas”

“José Manuel Fernandes é o único eurodeputado que ajuda e trabalha em prol da euroregião”. O elogio é de Xoan Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, no final de uma visita de três dias a Bruxelas. Quase três centenas de jornalistas portugueses e galegos reuniram no Parlamento Europeu com vários eurodeputados portugueses e espanhóis.

Francisco José Millán Mon, (Partido Popular Europeu), José Blanco (Socialistas e Democratas Europeus) e Lidia Senra, (Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica) foram os eurodeputados espanhóis presentes no encontro com os jornalistas, enquanto que Portugal foi representado por José Manuel Fernandes (Partido Popular Europeu), Nuno Melo (Partido Popular Europeu) e Francisco Assis (Socialistas e Democratas Europeus).

Questionado sobre se os eurodeputados são uma voz forte para o Eixo Atlântico no Parlamento Europeu, Xoan Mao respon- deu: “não... em absoluto”. E acrescenta: “o único eurodeputado que significa muito e tem dado um forte contributo para o Eixo Atlântico e para a Euroregião e que tem feito um trabalho cinco estrelas e que sempre está disponível é José Manuel Fernandes. É, de facto, o único eurodeputado que tenho de elogiar”.

Em relação aos eurodeputados espanhóis, é esclarecedor: “há um que está sempre bem disposto, mas toda a gente sabe que Francisco Millán é cunhado do primeiro-ministro, um diplomata de carreira e está ali para cumprir os mandatos do Governo. É uma simpatia. Só posso dizer bem dele mas... não está implicado nos assuntos da Galiza se estes não forem propostos pelo Governo.”
Quanto a Lidia Senra, “é uma mulher lutadora, uma velha sindicalista na Galiza, mas tem ainda muito pouco tempo no Parlamento Europeu e ainda não tem o poder europeista.”

De José Blanco, “recuso-me a falar porque foi o ministro, com Zapateiro, que mandou retirar as detonadoras e mandou parar as obras na saída sul de Vigo que nos ia ligar a Lisboa e mandou paralisar as obras do túnel. Há mais aspectos críticos da sua gestão, mas não vou dizer mais nada a não ser que foi indicado para ser chamado para fazer declarações no Parlamento por causa do acidente de Angrois, Santiago de Compostela (acidente ferroviário ocorrido a 24 de Julho de 2013 e que provocou 80 mortos e mais de 140 feridos, ndr)... que aconteceu como resultado de uma obra que ele inaugurou como ministro. Não digo mais nada do que isto”.

Quanto aos outros eurodeputados, “não tivemos grande relacionamento, mas espero vir a contar com eles. Mas nunca os vi muito implicados no Eixo Atlântico e nas suas propostas. O nome mais ligado é, sem dúvida, o de José Manuel Fernandes”.

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