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Bracarenses continuam fiéis à festa

Braga

2017-06-25 às 06h00

Patrícia Sousa Patrícia Sousa

Passava pouco das oito horas e já não faltavam pessoas pelas ruas fora, apressadas, em direcção ao Largo de São João do Souto ou à Avenida Central para assistir ao Cortejo Sanjoanino. As ruas limpas não deixam perceber os excessos da noite mais longa do ano. Os Amigos da Borga, de Regadas, Fafe, já animavam aqueles que não queriam perder o espectáculo na primeira fila. Também a Banda de Música de Fajões, em Oliveira de Azeméis, entoava os primeiros acordes da manhã.

Citação

Passava pouco das oito horas e já não faltavam pessoas pelas ruas fora, apressadas, em direcção ao Largo de São João do Souto ou à Avenida Central para assistir ao Cortejo Sanjoanino. As ruas limpas não deixam perceber os excessos da noite mais longa do ano. Os Amigos da Borga, de Regadas, Fafe, já animavam aqueles que não queriam perder o espectáculo na primeira fila. Também a Banda de Música de Fajões, em Oliveira de Azeméis, entoava os primeiros acordes da manhã.

Cada um tentava arranjar o melhor lugar para assistir à tradição do São João, que muitos não perdem mesmo sendo às primeiras horas depois da noite mais longa da cidade.
Enquanto esperavam pelo início da passagem dos Carros das Ervas (ou dos Cheiros), do Rei David e dos Pastores, muitos foram aqueles que aproveitaram para rezar na Igreja do São João do Souto, mesmo ali ao lado. O andor de São João está ornamentado e ninguém lhe fica indiferente. E referindo-se à eucaristia que foi celebrada às 10 horas no Largo de São João, uma idosa partilhava com uma desconhecida. “Esta missa é muito linda, é cantada e o andor sai da igreja durante a missa”, adiantou.

O casal, Manuel e Alzira Gomes, de Barcelos, há alguns anos que passa o dia de São João em Braga. “Vemos este cortejo, depois vamos assistir à missa lá em baixo na Ponte e comemos por lá. À tarde assistimos ainda à procissão junto à Sé de Braga. Todos os anos fazemos assim”, contaram aqueles reformados, sempre a ‘espreitar’ para tentar ver os carros chegarem em frente ao Largo de São João.

Conhecidos vão se cruzando por ali e perguntam uns aos outros como correu a noite. “Em família e com tudo a que temos direito”, respondem entre risos. Sardinha, pão, bom vinho e muita animação, pelos vistos, não faltaram. Um senhor, em jeito de brincadeira, lá confidenciou com o conhecido que estava sentado ao seu lado: “quando era novo vinha sempre, mas já não tenho idade para andar nas noitadas”. E logo o outro comentou: “em casa estamos sempre melhor, até podemos beber mais uns copitos”.

Mais à frente, Neusa Filipa, que vive em Braga há quase dois anos, confessou que nunca tinha assistido a este cortejo. “Aconselharam-me a vir. E estou a gostar. É mesmo muito giro”, constatou a jovem brasileira, mostrando-se admirada com o facto das ruas “cheirarem mesmo bem”. E justificou: “pensei que as pessoas estavam a exagera quando me contavam, mas afinal é mesmo assim”.

Quem também foi assistir pela primeira vez ao cortejo foi a pequena Maria. Aos ombros do pai para “conseguir ver melhor”, lá iam apontando: “é tão lindo, pai”. E António Silva lá lhe foi perguntando se gostava de participar no Carro dos Pastores e logo Maria respondeu, com um sor- riso: “quero”. “Já não vinha há alguns anos, porque ela também era pequena. Agora que está mais crescida decidimos trazê-la para assistir”, atirou aquele bracarense, defendendo que “é preciso manter a tradição”.

Cortejo Sanjoanino perfuma ruas enquanto reforça a tradição

De telemóveis e máquinas fotográficas na mão, ninguém perdeu, ontem, a oportunidade para registar o momento. E de sorrisos na boca cantam durante a exibição da Dança Palaciana do Rei David e da interpretação do Auto Sacramental de São João, pelos Pastores.
A abrir o Cortejo Sanjoanino seguia o Carro das Ervas (ou Cheiros). Jorge Braga e Sandra Gomes é o casal que, há três anos, ‘comanda’ o Carro das Ervas (ou dos Cheiros). “Na altura fomos convidados e gostamos muito da ideia. É maravilhoso e gostamos muito da experiência”, contavam aqueles bracarenses, vestidos a rigor, enquanto espalhavam alecriam, erva doce e louro pelos ruas da cidade.

Momentos antes da saída do Cortejo Sanjoanino, a ensaiadora do Carro dos Pastores, Elisabete Gonçalves, falava com orgulho dos mais pequenos. “É fácil encontrar personagens, a tradição não morre”, constatou Elisabete Gonçalves, que é a ensaiadora do grupo já lá vão seis anos. “Desde os 10 anos de idade que faço parte do ‘elenco’ e já ajudava a anterior ensaiadora até que lhe passaram a pasta”, contou a jovem.
A encenação conta com 23 crianças, que representam os anjos, os pastores, Zacarias, Isabel e, claro, São João. No caso dos meninos, continuou aquela responsável, “há uma renovação constante, no caso das meninas é mais difícil. Temos uma menina em lista de espera há dois anos”.

A ensaiar diariamente desde Maio, Elisabete Gonçalves elogia “a boa vontade” dos mais novos. “O ensaio é todos os dias às 19.45 horas. É sempre uma alegria fantástica e estas crianças devem ser valorizadas”, desafiou.
Este ano, o S. João, que é sempre o ‘herói’ deste cortejo sanjoanino, que percorreu, ao longo do dia várias artérias da cidade, foi o pequeno Guilherme Morgado, que completa no próximo mês quatro anos. Acompanhado do carneiro Micas, o pequeno estava ansioso por começar.

“hoje é a sério”, dizia. “A irmã já faz parte do cortejo há alguns anos e o Guilherme já vinha aos ensaios na minha barriga”, confidenciou Sofia Cardoso, a mãe do pequeno São João. “Quando me sugeriram adorei a ideia. Os ensaios correram muito bem e fico muito contente por estar a ajudar a manter a tradição da nossa cidade”, contou a mãe do pequeno, que é da freguesia de Cabreiros.
Entretanto, no Carro do Rei David ia a novidade deste ano. Três jovens mulheres fizeram parte da dança. “Por problemas de sáude, alguns elementos tiveram que sair e então entraram estas jovens, duas para o violino e uma para a flauta”, contou Alberto Nogueira, que encarna a personagem do Rei David “há quase 20 anos”. Seguiu as ‘pegadas’ do pai e do irmão mais velho, por isso, “trata-se de uma tradição familiar”. Alberto Nogueira estava na companhia de mais 13 personagens, representarando, mais uma vez, a Dança Palaciana.

Morgana Patriarca foi uma das jovens estreantes do Carro do Rei David. A jovem, estudante do curso de Música da Universidade do Minho, aceitou o desafio. “Sou do Porto e gosto muito do São João, mas esta tradição é única, e muito engraçada”, confessou a estudante, admitindo estar a viver “uma experiência completamente diferente”. E atirou: “não estava à espera de tanta gente a esta hora”.
E seguiram todos pelas ruas da cidade, efectuando várias paragens para representar.

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