Os bobos
Ideias Políticas
2012-01-06 às 06h00
Como facilmente perceberá o leitor, o título deste artigo, apesar de o sugerir, não nos remete para a hagiologia, ou mesmo, para a prática do perdão. Remete, isso sim, para o hospital que outrora existiu em Braga com o nome do santo.
Quero deixar claro que o tema que hoje exponho não se prende com uma postura de rejeição ao que é novo, muito menos com qualquer amarra ao passado. Não se trata também de pôr em causa as estupendas instalações físicas de que agora dispõe o hospital em Braga. Seria parvo e inútil fazê-lo. Toda a gente reconhece que, com o novo edifício, o hospital pode prestar cuidados de saúde com níveis de qualidade muito mais elevados.
Então, porquê desta referência ao velhinho hospital de S. Marcos? Na verdade, pretendo com esta alusão recordar aos leitores a gestão pública de responsabilidade directa do Estado, procurando acentuar as diferenças com a malfadada administração privada, filha desse negócio ruinoso chamado parceria público-privada, sob a responsabilidade do Grupo Mello.
Dois anos depois desta alteração no modelo de gestão do hospital de Braga e meio ano depois da transferência para o novo edifício, o que mudou então? Qual é a avaliação real dos cidadãos? E dos profissionais? Como são prestados os cuidados de saúde?
São perguntas que deviam merecer respostas da administração central, desde logo, do Ministro das Finanças. Da Saúde, digo! (desculpem-me a confusão, mas julgo ter lido que este era o vice-presidente do Millenium BCP!)
No concreto, aquilo que sabemos e vemos espalhados pelos jornais de norte a sul do país são os lamentáveis acontecimentos que têm vindo a cultivar o medo e a indignação junto dos utentes do hospital de Braga.
Bem sei que a administração do sr. Mello está empenhadíssima em mudar essa imagem. Encomenda estudos de opinião que classificam os serviços como “muito bons”, recebe prémios de qualidade, reduzem tempos de espera e, vejam lá, cortam no despesismo. Eles conseguem quase tudo, só não conseguiram ainda melhorar ou, pelo menos manter, o atendimento e o serviço prestado às pessoas.
Note-se que, desde que o hospital está no novo edifício, quem lá vai ou lá trabalha é obrigado a pagar o estacionamento ao sr. Mello que, por sua vez, mandou construir os parques em terrenos cedidos pelo Estado. É um negócio chorudo, não há dúvida!
Veja-se, por exemplo, como tratam os utentes que convocam para as cirurgias, fazendo-os passar um dia internados, sem comer, mandando-os depois para casa porque já não têm tempo para fazer a intervenção naquele dia. Ou o caso dos doentes de psiquiatria que, para chegarem ao respectivo serviço, têm que pagar a taxa do parque de estacionamento. E o director clínico que se lembrou de andar a tapar buracos no serviço de anestesia, atendendo três salas em simultâneo, contrariando todas as indicações?! Já ouviram falar do encerramento do balcão das urgências pediátricas entre as 22h e as 14h? Pois é, o sr. Mello não está disposto a pagar a um funcionário para manter o atendimento às criancinhas durante 24h. Entretanto obriga-as ao contacto com as doenças e os vírus dos adultos nas urgências gerais.
Dêem-lhes prémios que eles merecem!
E os senhores do PSD e do CDS, que tanto criticaram o gestão do hospital quando estavam na oposição, agora que estão no governo assobiam para o lado. Continuem assim, que o povo regista.
26 Março 2024
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