A responsabilidade de todos
Voz às Bibliotecas
2019-09-26 às 06h00
João Macedo, agora com 25 anos de idade, licenciado em Gestão Bancária e Seguros e pós-graduado em Economia Monetária, Bancária e Financeira, ao tempo estafeta de pizas, num restaurante, em Barcelos, sofreu, na fatídica noite de 6 de novembro de 2011, um acidente de viação. Este provocou-lhe um traumatismo crânio-encefálico grave, que o atirou para a cama do hospital em coma profundo, estado em que permaneceu durante três semanas.
Depois de ter tido alta cerca de mês e meio após o acidente e, já recuperado, resolveu escrever o que lhe aconteceu num livro intitulado “Testa os teus limites : Aprende a superar as adversidades da vida e todos os teus medos... Uma história de superação e sucesso”, publicado pela Chiado Books, no presente ano.
Trata-se do primeiro livro de autoajuda escrito por um autor barcelense e que vai integrar a “BARCELIANA” da Biblioteca Municipal de Barcelos, coleção de livros de autores barcelenses e/ou de temas barcelenses.
Segundo o Dicionário, autoajuda significa um conjunto de técnicas, orientações, informações ou práticas que se destinam à resolução de problemas de carácter psicológico através dos recursos do próprio indivíduo.
Intitulado "Auto-Ajuda", o primeiro livro deste tema, foi escrito por Samuel Smiles (1812-1904) e foi publicado em 1859. A sua frase de abertura é: "O Céu ajuda aqueles que ajudam a si mesmos", uma variação de "Deus ajuda aqueles que ajudam a si mesmos", uma máxima frequentemente citada no Poor Richard's Almanac de Benjamin Franklin.
A procura da felicidade é um dos grandes objetivos do ser humano. Repensá-la foi uma das grandes questões que dominou o pensamento na Grécia antiga, no fim do século IV a.C., depois da “polis” grega ter entrado em ruína. Um denominador comum afetou esse debate: a possibilidade de atingir a felicidade está no poder de cada indivíduo e pode ser alcançada neste mundo. Tais visões serão transformadas, como sabemos, com o cristianismo.
Segundo a escola cética, o homem não tem certeza de nada e para ser feliz deve suspender os juízos. Assim, cria-se uma espécie de indiferença perante as coisas, o que evitaria o sofrimento pelas perdas de certezas. Para a escola epicurista, o mundo é feito apenas de átomos e vazio, sendo o homem, também feito de átomos. Os epicuristas têm uma visão hedonista de felicidade. Defendem que a fuga da dor e a busca pelo prazer são princípios fundamentais da natureza. Nesse sentido, a busca pelo prazer é o fim do ser humano, sendo este prazer proporcionado pelas satisfações do corpo.
A escola estóica afirma que toda a natureza (“physis”) é uma manifestação do “logos” divino, uma espécie de razão que está inserida em todas as coisas. O homem também possui um “logos” (razão), que participa do logos divino.
Assim, a felicidade para os estóicos é o homem poder viver conforme a natureza (razão), o que possibilita uma autossuficiência humana. Cada homem para ser feliz depende de si próprio, independentemente do lugar e da situação.
O livro “Testa os teus limites...” tem 226 páginas e diversos capítulos, com pequenos textos, que nos ajudam a refletir sobre a vida e os seus limites, numa linguagem simples e objectiva, sem exageros, nem demasiadas emoções, procurando retratar a vida de um jovem antes e depois do trágico acidente de viação.
No final de cada capítulo dedicado a um determinado tema, apresenta um sumário do que está escrito e coloca algumas perguntas.
João Macedo relata o contratempo que lhe aconteceu e sugere métodos de agir para a resolução de problemas, fornecendo ao leitor estratégias para melhorar a sua vida.
É o próprio autor que escreve como lhe surgiu a possibilidade de lançar o livro, quando afirma: “Quero que a minha história possa servir de motivação para as pessoas que venham a ler-me.” E, acrescenta: “Pretendo que vejam o meu caso como um exemplo de que existem histórias felizes e que as dificuldades são para as contornar.”
O livro é escrito por um jovem persistente, vitorioso, feliz. Diz o autor: “A Felicidade depende de nós! Ser Feliz é encontrar prazeres em coisas simples da vida, é não depender de ninguém para o ser; É não dar importância a coisas fáceis da vida; É olhar ao espelho e ter prazer naquilo que vemos; É ter orgulho em nós mesmos. Mas saber disso não chega, é preciso mais. O meu tal “sempre mais”.
E mais adiante: “… tinha muito mais a escrever, mas não me saem as palavras, portanto, vou seguir com a caminhada que tenho feito. Espero estar a fazê-lo correctamente. E claro – Vou ser feliz um momento e já volto!”
João Macedo é um bravo, um herói, um jovem vencedor que soube superar as adversidades. Tive oportunidade de testemunhar essa faceta. E, como ele afirma: “Com o livro não quero fama nem dinheiro, só quero mostrar-te que existem histórias felizes.”
07 Março 2024
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