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O Ambiente na vida de um escuteiro

Os bobos

Escreve quem sabe

2015-06-26 às 06h00

Carlos Alberto Pereira Carlos Alberto Pereira

“O estudo da Natureza mostrar-vos-á as coisas belas e maravilhosas de que Deus encheu o mundo para vosso deleite. Contentai-vos com o que tendes e tirai dele o maior proveito que puderdes. Vede sempre o lado melhor das coisas e não o pior.”
Baden-Powell, Fundador do Escutismo


Se evoco este pensamento, já citado na crónica publicada na edição do dia 23 de março de 2012 do Correio do Minho, é porque a publicação da Carta Encíclica Laudato Si’, do Santo Padre Francisco, sobre o cuidado da casa comum, publicada no dia 24 de maio último e de que muito se tem falado.
Para não repetir o que já escrevi na referida crónica, registo que a importância e as orientações que o escutismo sempre deu, desde as suas origens, partindo da ideia do fundador, ao dizer: «A floresta é, simultaneamente, um laboratório, um clube e um templo» e ao fixar na Lei do Escuta o sexto artigo: «O Escuta protege as plantas e os animais», são uma marca de sintonia com o pensamento do Papa Francisco, sobre a ecologia integral.

O Papa Francisco, partindo do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, mais propriamente do trecho: «Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe terra que nos sustenta e governa e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas» e evocando o pensamento dos seus antecessores, desde João XXIII a Bento XVI, e juntando o pensamento do Patriarca Bartolomeu para lançar o conceito que identifica a terra como a casa comum a todos nós.

Curiosamente em julho de 2009 a Quercus lançou uma petição para a assinatura da Declaração de Gaia - declaração constitutiva do Condomínio da Terra que «tem como objetivo conciliar a necessidade comum a todos os povos da posse de um território definido e delimitado, com a unidade interdependente da Biosfera. (...) é uma proposta de evolução das instituições internacionais, e tem por base a indivisibilidade factual dos bens mais essenciais à nossa existência».

Sob o subtítulo: O meu apelo, o Papa Francisco também lança «um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. (...) Precisamos de nova solidariedade universal. (...) Todos podemos colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da criação, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas e capacidade.».

O Papa enquadra esta Encíclica no magistério social da Igreja e espera que ela nos ajude a reconhecer a grandeza, a urgência e a beleza do desafio que temos pela frente.
Ao longo de seis capítulos o papa apresenta, na primeira pessoa: «uma breve resenha dos vários aspectos da atual crise ecológica, com o objectivo de assumir os melhores frutos da pesquisa científica atualmente disponível, deixar-se tocar por ela em profundidade e dar uma base concreta ao percurso ético e espiritual seguido.

A partir desta panorâmica, retomarei algumas argumentações que derivam da tradição judaico-cristã, a fim de dar maior coerência ao nosso compromisso com o meio ambiente. Depois procurarei chegar às raízes da situação atual, de modo a individuar não apenas os seus sintomas, mas também as causas mais profundas. Poderemos assim propor uma ecologia que, nas suas várias dimensões, integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o rodeia.

À luz desta reflexão, quereria dar mais um passo, verificando algumas das grandes linhas de diálogo e de ação que envolvem seja cada um de nós seja a política internacional. Finalmente, convencido - como estou - de que toda a mudança tem necessidade de motivações e dum caminho educativo, proporei algumas linhas de maturação humana inspiradas no tesouro da experiência espiritual cristã.

Embora cada capítulo tenha a sua temática própria e uma metodologia específica, o sucessivo retoma por sua vez, a partir duma nova perspectiva, questões importantes abordadas nos capítulos anteriores. Isto diz respeito especialmente a alguns eixos que atravessam a encíclica inteira. Por exemplo: a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida. Estes temas nunca se dão por encerrados nem se abandonam, mas são constantemente retomados e enriquecidos».

No fundo, o Papa pede que cada um de nós procure deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrou.

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