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A Crise de Liderança

O fim da alternância

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A Crise de Liderança

Ideias Políticas

2019-05-28 às 06h00

Francisco Mota Francisco Mota

As eleições Europeias voltam a reconfigurar o quadro geopolítico de Portugal na Europa, mas mais do que fazermos balanços numéricos deste acto eleitoral cabe a cada agente político reflectir sobre a sua acção política. A Europa, os partidos políticos e os seus dirigentes estão cada vez mais desacreditados, distantes e insignificantes para os Portugueses. Uma abstenção a rondar os 70%, os votos brancos e nulos a valerem mais do que qualquer um dos três partidos menos votados que contraíram mandatos e com 4 cabeças de lista a serem recandidatos nos últimos dez anos, quem perdeu ou ganhou estas eleições? Todos perderam. Mas todos ganharam, no entanto, a possibilidade de concretização de uma reflexão profunda sobre o caminho a trilhar e a urgência da renovação do quadro político.

Estamos num processo de declínio, a longo prazo, dos partidos políticos e das suas lideranças, o que traduz uma ideia perigosa, porque não existe democracia representativa sem partidos políticos. Estes, sempre foram reconhecidos por estabelecer a fronteira entre os verdadeiros políticos dos simples serventes da coisa pública. Já nos dias de hoje, é cada vez mais difícil encontrar uma linha que os separe, porque líderes e funcionários confundem-se nas amarras dos políticos profissionais que nada mais fizeram ou construíram na vida.
Por natureza, acredito que as dificuldades se podem tornar em oportunidades, e, dessa forma, a crise identitária, nomeadamente na direita portuguesa, pode despertar uma liderança carismática, mobilizadora, com fibra, capacidade e talento, para agarrar o futuro e ser capaz de apontar um caminho.

A consolidação de uma extrema esquerda é consequência de uma direita vendida ao politicamente correto, sem discurso e sem causas conhecidas. Como diria Bill Cosby “Eu não sei qual o segredo do sucesso, mas o segredo do fracasso é tentar agradar a toda a gente”, e este tem sido o grande erro da direita, que tem procurado ocupar um lugar que não é o seu, esquecendo-se de onde vem e para onde deveria ir, acabando por não ocupar lugar algum.
A cada dia que passa, estou mais convencido que a política deixou de ser jogada no tabuleiro da convicção para ser ultrapassada pela sedução. Nos discursos e nas aparições públicas dos líderes, não existe a paixão de outros tempos, a força naquilo em que se acredita passou para segundo plano e trabalha-se para o imediato, na busca do like e do que pode ser viral. As ferramentas tecnológicas são importantes, a informação rola ao segundo e em abundância, contudo vivemos um período de economia do tempo. As redes sociais trouxeram consigo a falta de tempo para ouvir, escutar, ler, reflectir, apreender e decidir. Este processo é revolucionário e acontece em simultâneo, acabando por priorizar o acessório face ao que realmente importa, empurrando os políticos para a tentação da sedução, deixando de fora desta equação a sua própria identidade e racionalidade.

Necessitamos de uma liderança que escute, mas que olhe em frente, saiba viver na humildade e que transmita isso como sentido de confiança perante os seus pares. Que se imponha pelo mérito e não pelo domínio. Que diga aos eleitores o que pensa sobre o País, baseado numa política real e que responda directamente aos problemas das pessoas, sem malabarismos. Necessitamos de reconstruir a voz da direita em Portugal assente na valorização da dignidade humana, na liberdade de escolha das novas gerações, na valorização da família como pilar essencial da sociedade contemporânea, na unificação e valorização do território, na credibilização da justiça, na autonomia da educação e no reconhecimento e valorização das autoridades. Não tenhamos medo de assumir as derrotas, desde que a partir delas retiremos as devidas consequências. Tenhamos a inteligência, a ousadia e a audácia, porque ser conservador é ser moderno, solucionar os problemas a partir da realidade e não do dogma, procurar o equilíbrio entre o Homem, a sociedade e a natureza, e não destruir o indivíduo, procurando criar um “sujeito-novo”, diluído um coletivo artificial e intolerante à tradição e liberdade de pensamento.
No fundo, antever o futuro, olhando o presente. Portugal e as novas gerações contam connosco!

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