A responsabilidade de todos
Ensino
2019-10-09 às 06h00
Todos os dias são dias do Professor, aquele que escolheu uma profissão estruturante que prepara todas as outras, porque é o criador de Pessoas. Com diversos papéis, diversas missões e tantas responsabilidades, acrescidas de novos desafios que invadem o seu espaço diariamente.
As instituições escolares são um produto social e constituem-se como um espaço que cumpre muitas funções patentes ou explícitas (educar, socializar, ensinar, orientar, preparar profissionalmente, aculturar…) e outras mais ocultas. Na sociedade atual pede-se ao professor que desempenhe inúmeros papéis e este é o grande dilema da Escola. Para António Nóvoa, a dificuldade é precisamente o “fazer tudo” e o receio de assumir que podemos “não fazer alguma coisa”. Atualmente, perante as imensas e intensas solicitações, parece-nos sempre que podemos ter esquecido…alguma coisa!
Efetivamente, esta sensação cria também a desfocagem sobre o que é essencial. É esta desfocagem do ensino e da aprendizagem, da formação e da educação que é, às vezes, prejudicial ao papel do professor, tornando pouco claro aquilo que faz ou tem de fazer. Descentralizando o seu eixo e desfocando o que é o cerne desta profissão… Mas é só aparente, pois cumprimos o nosso papel principal (mesmo desempenhando tantos outros).
E quem é professor por prazer, por paixão e por vocação procura não perder o seu epicentro – os alunos, a aprendizagem, o conhecimento, as competências, a educação, a formação, os valores… E o professor ainda é o amigo, o confidente, o assistente social, o psicólogo, o enfermeiro, o motivador…. (e perdoem-me os outros profissionais, pois nós sabemos o que fazemos).
Mas são inúmeras as vezes em que, atualmente, querem neutralizar o papel deste profissional tão fundamental na preparação da sociedade presente e futura.
Diariamente, no órgão de gestão, confrontamo-nos com estas diversas solicitações que surgem de todas as frentes, quer da própria administração central, quer pela sociedade civil, pelos diversos projetos implementados, pela necessidade dos pais, pelas instituições e pela nossa própria crença de que tudo temos de fazer, que isto é que é a educação integral dos nossos alunos, e, portanto, é a nossa Missão! Assim, as missões dos professores aparecem-nos como impossíveis, palavra que nós não sabemos nem queremos pronunciar. Sabemos que não podemos fazer tudo, mas não conseguimos dizer que não aceitamos fazer tudo. E damos o nosso melhor, aula após aula, reunião após reunião, dia após dia!
Sabemos que é importante redefinir a identidade da escola. Para que serve a Escola? Nós até queremos reduzir, recentrar…, mas, como profissionais que somos, descentralizamos e vamos muito além do nosso foco e da nossa missão! Aliás, redescobrimos tantas outras missões!
Efetivamente, o fenómeno da escola de massas, a diversidade social de toda a comunidade educativa, a visão democrática da escola, a escola como “cidade política”, o desenvolvimento galopante das novas tecnologias, têm contribuído para o aumento da responsabilidade da Escola, exigindo novas soluções para os novos problemas. E nós respondemos e correspondemos!
O caminho não é fácil para os professores pois vão tentando silenciar a nossa voz. Parece que algumas políticas educativas e algumas pseudo preocupações estão no lado oposto da crença na capacidade reflexiva e criativa dos professores, não os deixando pôr em prática os ideais que preconizam e todo o seu saber. Sendo eu otimista por natureza, associando a educação à determinação e esperança, acredito que devemos agarrar algumas destas condições desfavoráveis para as transformar numa nova oportunidade, criando alianças necessárias e compromissos, pactos sociais fundamentais, vinculando-nos à nossa identidade e ao que de melhor sabemos fazer. Só queremos um voto (ou muitos) de confiança e que acreditem que cada um de nós, nos seus espaços, e todos nós, enquanto comunidade crítica, com paixão pela sua missão e sabendo muito bem o que devemos fazer, faremos o melhor possível, pelas crianças e jovens que temos, pela qualidade das suas aprendizagens, pela riqueza dos seus projetos, pela criação dos seus sonhos, pela gestação dos futuros cidadãos.
Temos de retomar a noção da verdadeira “comunidade educativa” proposta por Formosinho, onde existe um sentido de pertença coletiva, uma consciência do “nós”, onde todos (professores, atores da escola, pais, família, sociedade civil, instituições diversas, media) se responsabilizem pela missão primordial desta Escola que é o acesso ao futuro e que valorizem os seus PROFESSORES.
Sou uma verdadeira admiradora desta profissão, fã de tantos mestres que tive, agradecida aos mestres dos meus filhos e orgulhosa nos professores “meus”!!
Um agradecimento especial a todos os professores, com uma nota particular a todos os que fizeram e fazem a História do Agrupamento de escolas de Amares.
Ensinar
é um exercício
de imortalidade.
De alguma forma
continuamos a viver
naqueles cujos olhos
aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra.
O professor, assim, não morre
jamais...
Rubem Alves
14 Março 2024
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