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Talvez, mesmo talvez

Os bobos

Escreve quem sabe

2017-04-11 às 06h00

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Expressar sentimentos e emoções. Valorizar o nosso eu e as nossas atividades. Reforçar laços de amizade e familiares. Agradecer o dia-a-dia. Agradecer, apenas, este dia. Saber dizer não. São objetivos gerais, talvez comuns a muitos de nós. Ou talvez não. Talvez sejam objetivos difíceis de cumprir quotidianamente e que, o seu não cumprimento conduza a um não viver. Primeiro de forma discreta…Devagar. E, depois, de forma abrupta, como se fosse apenas um só sentimento de incapacidade a tomar conta de nós. E chegamos a um patamar em que é necessária uma certa ajuda. Talvez. Às vezes é difícil de acreditar, de aceitar esta ajuda. Porém, é necessária. E, depois novamente, torna-se urgente.

A expressão de sentimentos e emoções permite-nos uma liberdade mental e física. Permite-nos, com assertividade, expressar o que desejamos e o que não gostamos, o que nos consome, o que nos deixa felizes. Permite igualmente o diálogo e a relação. Permite avançar, ou retroceder, conforme a necessidade. Expressar sentimentos e emoções (coisa moderna esta!…) ajuda-nos a equilibrar as nossas balanças internas e a regular o meio ambiente que nos rodeia. É importante esta expressão. Obriga-nos, por vezes, a retirar os filtros que constituem barreiras e que não nos deixam sentir. Experimentem. Talvez com moderação, no início - não sabemos bem o quanto espesso pode ser o nosso filtro e, se nos libertarmos de forma grosseira dele, as emoções e os sentimentos podem toldar-nos a visão clara das situações.

A valorização do nosso eu ajuda-nos a gostarmos mais de nós. A termos gosto no nosso corpo, nas nossas ideias fundamentadas, na nossa forma de viver. O empenho com que o fazemos irá permitir um maior autoconhecimento e um melhoramento da autoestima. Sermos maiores para nós próprios, inteiros para nós - não aos bocados, ou por metades ou quartos, mas sim inteiros, cheios de nós. Conhecer o que gostamos de fazer, qual o nosso tipo de exercício, se gostamos ou não da dieta da moda (e se esta gosta de nós…), se, afinal, gostamos de ir a pé para o trabalho e não com o último carro tendência. Afinal, é connosco que acordamos diariamente, e uma aceitação dos nossos defeitos e virtudes pode fazer parte do caminho de acordarmos bem-dispostos.

O reforço dos laços familiares e de amizade é essencial. Cultivar relações, onde é possível sermos autênticos, expressando os nossos sentimentos e emoções, onde podemos encontrar companhia para o cultivo do gosto próprio. Viver mais em comunidade, viver mais em família, viver mais os amigos. Sair, beber um café, um chá, apanhar sol (com reforço de vitamina D, muito importante para o nosso bem-estar) - simplesmente, estar com. Estar inteiro, estar em relação de vínculo, ser com. E aprender a valorizar estes momentos. Ser presente no presente.

E ser grato. A todos. A nós. A vós. Agradecer o simples facto de conseguirmos estar e ser. Valorizar as possibilidades que nos ajudam a sermos melhores e que nos permitem ajudar os nossos filhos, sobrinhos, tios, avós, pais, a serem também melhores. Ter o sentimento de posse junto dos nossos valores e princípios. Talvez, ver o quanto possuímos nas nossas vidas e que nem damos conta que realmente temos.

E saber dizer não. Que não podemos fazer, que não vai ser possível concretizar, que não faz parte das nossas prioridades, que não nos vai fazer felizes. Saber articular esta palavra, o não, é ter conhecimento daquilo que realmente queremos para nós. E, muitos de nós, fomos treinados a ouvir “não” durante as nossas vidas. Fez-nos bem, construiu-nos e fortaleceu-nos. Todavia, podemos treinar, agora, o saber dizer não - irá ajudar-nos no futuro. Irá amaciar-nos e irá permitir-nos uma maior paciência e compreensão. Faz-nos bem à saúde - é como a vitamina D e os legumes, reforça o sistema imunitário.

No passado dia 7 de abril comemorou-se mais um Dia Mundial da Saúde, promovendo a Organização Mundial da Saúde o tema da depressão, com o mote “Let’s Talk?”, “Vamos Falar?”. Foi importante este dia, ajudou-nos a lembrar que a depressão é uma doença, não uma obrigatoriedade ou vínculo e, por isso, passível de ser tratada. Lembrou-nos, identicamente, que as pessoas que apresentam esta doença devem ser acompanhadas, tratadas, ajudadas. E talvez, mesmo talvez, não sejam necessárias intervenções de urgência. Se conseguirmos cumprir alguns destes objetivos talvez, mesmo talvez, exista uma promoção da nossa saúde. Que é primordial para nos sentirmos bem e capazes, produtivos e cooperantes. Sem incapacidade. E inteiros no nosso bem-estar e conscientes da nossa saúde mental.

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